PRIVILÉGIOS E RESPONSABILIDADES DA IGREJA

1 PE 2.9

 

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.

 

 

INTRODUÇÃO

 

1. Como igreja de Cristo precisamos, vez por outra, repensar nossa posição diante de Deus, e consequentemente elaborar projetos, planos, ideias, para uma nova etapa que pretendemos iniciar. Com certeza muitos de nossos planos serão fracassados, antes mesmo de serem concluídos.

 

2. Por esta razão, precisamos elaborar planos, mas sem nos esquecer da missão que temos como Povo de Deus, Igreja do Senhor, Ovelhas do Seu Pasto. Qualquer projeto elaborado deve incluir, sem sombra de dúvidas, nossa visão acerca do Reino e de nosso engajamento nele.

 

3. No texto que lemos nesta noite, a Palavra de Deus, nos mostra que temos como povo de Deus, muitos privilégios e responsabilidades. Para mim, não há privilégios que não impliquem em responsabilidade. Pedro não esgota todos os privilégios e responsabilidades, do crente, mas de forma geral, é possível que abranja todos os privilégios e responsabilidades da Igreja de Deus e de seu povo. Como é tempo de avaliação e tomada de posição, vamos ver alguns pontos dentro do texto, que têm a ver com nossos privilégios e responsabilidades no Reino de Deus.

 

 

I. NÓS SOMOS UM POVO ESCOLHIDO

 

1. De acordo com o “Novo Dicionário da Bíblia”, editado em português por “Edições Vida Nova”, pelo Pastor Russel Shedd, a Eleição é “o ato de escolha, mediante o qual Deus seleciona um indivíduo, ou grupo dentre uma companhia maior, para um propósito, ou destino de sua própria determinação”. A palavra “raça” vem do termo grego genov (genos)” e significa “um agrupamento de gente com vida e descendência comuns”.

 

2. Foi assim com a Nação Israelita:

 

a) Deus tirou Abraão do meio dos caldeus e de sua família, para formar seu povo, Gn 12.1-4, “1 Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. 2 Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. 3 Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. 4 Partiu, pois Abrão, como o Senhor lhe ordenara, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã”.

 

b) Este conceito de eleição aparece por todo o Velho Testamento:

 

b.1) Is 43.20, “Os animais do campo me honrarão, os chacais e os avestruzes; porque porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido”.

 

b.2) Is 45.3-4, 3 Dar-te-ei os tesouros das trevas, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome. 4 Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu nome; ponho-te o teu sobrenome, ainda que não me conheças”.

 

3. Nesta escolha, Deus fez com o seu povo um pacto: Teriam o privilégio de ser o Povo de Deus, mas em contrapartida, deveriam estar dispostos a obedecer-lhe e servi-lo, Êx 19.5, “Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu pacto, então sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra”.

 

4. Como Igreja de Deus, nós fomos também escolhidos por Ele, pelo menos por duas razões principais:

 

a) Para praticarmos a obediência, 1Pe 1.2, “eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas”.

 

b) Fomos também eleitos para sermos santos e irrepreensíveis, Ef 1.4, “como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor.” Temos nós cumprido o papel de eleitos?”.

 

 

II. NÓS SOMOS UM SACERDÓCIO REAL

 

1. O conceito de sacerdócio tem também a sua raiz no Velho Testamento, onde um homem era destacado para representar outro diante de Deus. Os sacrifícios e ofertas, só podiam ser oferecidos por quem havia sido credenciado por Deus.

 

2. Já no Novo Testamento, todo aquele que foi alcançado pela graça de Deus, pode chegar a Deus por si só e não depende de outro intercessor humano, mas somente de Jesus, Hb 10.19-22, 19 Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, 20 pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne, 21 e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22 cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência, e o corpo lavado com água limpa”.

 

3. Nós estamos hoje colocados na função de Sacerdotes-Reis:

 

a) Ap 1.6, “e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém”.

 

b) Ap 5.10, “e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra”.

 

4. Como Sacerdotes-Reis, nós nos oferecemos a Deus como sacrifício vivo, Rm 12.1, “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. Devemos também nos chegar a Ele conforme Hb 10.22, “cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência, e o corpo lavado com água limpa”.

 

5. Somos o Sacerdócio Real!

 

 

III. NÓS SOMOS A NAÇÃO SANTA

 

1. A palavra “santo” vem do termo grego agiov (ágios)”, que quer dizer “separado”, “diferente”.

 

2. Nós fomos escolhidos para sermos “separados”, “diferentes”, das outras pessoas. Esta diferença consiste do fato de que saímos do mundo e nos dedicamos à vontade e ao serviço de Deus.

 

3. Somos santos porque fomos separados do mundo, de seus vícios e corrupções.

 

4. Era este o princípio que Deus tinha também para a Nação de Israel, Êx 19.6, “Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu pacto, então sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra”.

 

5. E este princípio como já vimos, se aplica também a nós, como Igreja de Cristo. Pedro desenvolve este conceito principalmente em 1Pe 1.13-16, “13 Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos oferece na revelação de Jesus Cristo. 14 Como filhos obedientes, não vos conformeis às concupiscências que antes tínheis na vossa ignorância; 15 mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; 16 porquanto está escrito: Sereis santos, porque eu sou santo.” De acordo esta passagem, santificação implica em:

 

a) Obediência, “como filhos obedientes”.

 

b) Não se conformar com a vida velha, “Não conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância”.

 

c) Ter como exemplo Cristo, vs. 15-16, 15 mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; 16 porquanto está escrito: Sereis santos, porque eu sou santo.”

 

6. Se somos santos, nossa vida deve ser santa, 1Ts 4.3-8, 3 Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, 4 que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, 5 não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus; 6 ninguém iluda ou defraude nisso a seu irmão, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. 7 Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. 8 Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo.”

 

 

IV. NÓS SOMOS UM POVO ADQUIRIDO

 

1. “Povo de propriedade exclusiva de Deus”, “povo para possessão”.

 

2. Devemos pertencer a Deus. Se pertencermos a Deus nós não pertencemos a nós mesmos, 1Co 6.19-20, “Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? 20 Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.”

 

3. Nós passamos a ser de Deus, porque fomos comprados por Ele:

 

a) 1Co 6.20, “Comprados por bom preço”.

 

b) 1Pe 1.18-19, “Resgatados (comprados), com o precioso sangue de Cristo”.

 

4. Antes desta compra, não tínhamos nenhum valor. Graças a ela, Deus nos colocou numa posição que não merecíamos. Hoje somos “herdeiros das promessas”. Exemplo: Podemos ser comparados a objetos que foram altamente valorizados por pertencerem a pessoas ilustres.

 

 

CONCLUSÃO

 

1. Somos Povo Escolhido, Nação Santa, Sacerdócio Real, Possessão de Deus. Por esta razão devemos:

 

a) Obedecer à sua Palavra;

 

b) Ter disposição para o serviço;

 

2. Isto inclui principalmente o que está na parte final do versículo lido, “... para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.