TOCANDO AS TROMBETAS

 

José Antônio Corrêa

 

ÍNDICE:

 

INTRODUÇÃO

I. NO TRATAMENTO DE DEUS COM O PECADO

II. NO ANO DO JUBILEU

III. NAS GUERRAS

IV. NOS MOMENTOS DE GRANDE ALEGRIA

V. NAS UNÇÕES ESPECIAIS

VI. NO LOUVOR E EXALTAÇÃO A DEUS

VII. NAS ALIANÇA DE DEUS COM SEU POVO

VIII. NO JUÍZO DIVINO

IX. NO ARREBATAMENTO DA IGREJA DE CRISTO

X. EM MOMENTOS DE GRANDES REVELAÇÕES DIVINAS

XI. PARA SIMBOLIZAR A VOZ DIVINA

XII. NA RETOMADA DO REINO POR CRISTO

CONCLUSÃO:

BIBLIOGRAFIA

 

INTRODUÇÃO:

 

A palavra "trombeta", vem do termo hebraico "rpv" (shophar) e significa "chifre", mais precisamente "chifre de carneiro". Foi um instrumento instituído por Deus para ser tocado em uma infinidade de momentos da vida nacional de seu povo no Antigo Testamento. De uma certa forma as trombetas serviam para expressar momentos de grande satisfação, para trazer avisos, proclamar juízos divinos, fazer convocações festivas e religiosas, chamar o povo às consagrações, etc. Havia até mesmo um dia especial chamado "dia de sonido de trombetas", Nm 29.1, "SEMELHANTEMENTE, tereis santa convocação no sétimo mês, no primeiro dia do mês; nenhum trabalho servil fareis; será para vós dia de sonido de trombetas". Neste dia, ao toque das trombetas, eram sacrificados ao Senhor um "...novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano, sem defeito", v. 2, além de muitas outras oferendas importantes, vs. 3-6.

Sabemos que este instrumento não foi instituído por Deus por acaso, mas certamente havia por detrás da determinação divina uma conotação e um simbolismo todo especial. A Palavra de Deus nos informa que a maioria das instituições divinas no Antigo Testamento, como "tabernáculo", "templo", "sacerdócio", "festas religiosas", "dias especiais", etc., são "símbolos", "exemplos" "sombra" de coisas futuras, e celestiais: "Os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais...", Hb 8.5. Com certeza o mesmo se aplica às trombetas. Nada foi instituído por Deus sem objetivos específicos!

No decorrer do presente estudo desejamos analisar algumas "OCASIÕES E SITUAÇÕES EM QUE AS TROMBETAS FORAM E SERÃO USADAS":

 

I. NO TRATAMENTO DE DEUS COM O PECADO

 

Jamais Deus se conformou com o pecado humano! Desde à Queda, quando o mal entrou no mundo, Deus já providencia os meios pelos quais o homem alcançaria sua libertação dos efeitos do pecado. Lembramos aqui da primeira promessa da vinda dAquele que iria nos redimir da ação maléfica do pecado: "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar", Gn 3.15. Paulo nos lembra o efeito desta promessa quando escreve aos efésios: "4 Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, 5 Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. 6 E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai". Jesus "nasceu de mulher", para esmagar no calvário, através de seu sacrifício, a cabeça do Diabo, o grande promotor do mal.

O que nos é significativo, é o fato de Deus através História, ligar o sonido de trombetas a seu tratamento com o pecado humano. Daremos abaixo alguns exemplos nas Escrituras, de como as trombetas estão associadas à libertação dos pecados humanos:

a) No Dia da Expiação, Lv 23.24-29, "24 Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memorial com sonido de trombetas, santa convocação. 25 Nenhum trabalho servil fareis, mas oferecereis oferta queimada ao SENHOR. 26 Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: 27 Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao SENHOR. 28 E naquele mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o SENHOR vosso Deus. 29 Porque toda a alma, que naquele mesmo dia se não afligir, será extirpada do seu povo".

O "Dia da Expiação" – "rpk Mwy" (yowm kippur), era para o hebreu o dia nacional da confissão e perdão de pecados. Este dia era marcado por uma "santa convocação", onde os filhos de Israel deviam observar um jejum absoluto, além de oferecerem "oferta queimada ao Senhor". Quem não procedesse desta maneira, sofria sérias consequências, podendo até mesmo ser "extirpado" do meio do povo de Deus"

A convocação para os rituais no Dia da Expiação era precedida pelo "sonido de trombetas", nos dando a ideia de que havia um toque especial preparando o povo, para que estivessem "prontos", para confessar seus pecados cometidos contra o Senhor, e consequentemente receber o perdão divino, mediante o oferecimento dos sacrifícios.

b) Profecia de Isaías, Is 58.1, "CLAMA em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados".

Aqui a voz do profeta Isaías é comparada ao "toque" de trombetas com o objetivo de denunciar a transgressão do povo de Deus de seus dias.

c) Convocação profética de Joel, Jl 2.15-17, "15 Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembleia solene. 16 Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento. 17 Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que os gentios o dominem; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?" Nos dias de Joel, o povo de Deus estava aprofundado na corrupção e no pecado. Em razão da desobediência e rebeldia contra o Senhor, uma tremenda praga de gafanhotos havia consumido as plantações, e tudo o que era verde, deixando o povo na mais extrema miséria (Joel 1.1-13). Um retorno urgente a Deus era necessário! A mensagem profética de Joel conclamando o povo a voltar-se para Deus com "jejuns", "choros", "santificação", foi marcada pelo toque de trombetas – "tocai a trombeta em Sião".

Pelos textos citados, e ainda por muitos outros que podemos encontrar nas Escrituras, não é errado afirmar que a trombeta é um instrumento divino e simbólico para anunciar o pecado do povo de Deus e ao mesmo tempo convocá-lo à conversão e arrependimento sincero. Deus precisa levantar em nossos dias, profetas, homens devidamente comprometidos com a Palavra da Vida e que tenham coragem de usar suas bocas como trombetas para denunciar o pecado! Muitos que se dizem cristãos estão vivendo em rebelião contumaz contra o Senhor, sob os olhos daqueles que se dizem arautos de Deus, mas que não tomam nenhuma atitude! Devemos lembrar do que nos fala as Escrituras no livro de Provérbios: "Não havendo profecia, o povo perece...", Pv 29.18.

 

II. NO ANO DO JUBILEU

 

Lv 26.9-10, "9 Então no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a trombeta do jubileu; no dia da expiação fareis passar a trombeta por toda a vossa terra, 10 E santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família".

O ano do jubileu era precedido de seis consecutivos anos sabáticos. O ano sabático, era também chamado de "sábado de descanso", ou "ano de descanso", Lv 25.3-5, "3 Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos; 4 Porém ao sétimo ano haverá sábado de descanso para a terra, um sábado ao SENHOR; não semearás o teu campo nem podarás a tua vinha. 5 O que nascer de si mesmo da tua sega, não colherás, e as uvas da tua separação não vindimarás; ano de descanso será para a terra". O ano sabático, como nos sugere seu próprio nome, era observado a cada sete anos. Nesse sétimo ano a terra deveria descansar, ou seja, deixada sem qualquer semeadura. O que ela produzisse por si só, era para o sustento dos pobres e o que disso restasse ficava para os animais, Êx 23.11, "Mas ao sétimo a dispensarás e deixarás descansar, para que possam comer os pobres do teu povo, e da sobra comam os animais do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival". A culminação do ano sabático acontecia no quinquagésimo ano.

No ano sabático aconteciam três coisas importantes:

a) A propriedade era devolvida aos proprietários originais;

b) As dívidas eram esquecidas, perdoadas;

c) Os hebreus que haviam sido escravizados em razão da contração de dívidas, eram libertos.

Estas situações nos mostram primeiramente, que ninguém era considerado único proprietário de terras e que não poderia jamais possuir a terra perpetuamente, mas sua posse é um bem que lhe é confiado pelo Criador. Em segundo lugar, os filhos de Israel, deveriam lembrar que outrora haviam sido escravos na terra do Egito, sendo miraculosamente libertos pela ação de Deus através de Moisés. Nada possuíam por direito! "A generosidade é motivada pela gratidão" (Novo Comentário da Bíblia, Vol. I, pág. 82). O que nos é interessante notar, é que o "ano sabático" era também chamado de "ano do jubileu". A palavra "jubileu", vem do termo hebraico "lby" (yobel), que literalmente significa "carneiro", "chifre de carneiro", "trombeta", "corneta". Desta forma o ano do jubileu, assim como o "dia da expiação", era associado ao toque de trombetas.

Como no "ano do jubileu", as propriedades voltavam aos seus primeiros donos e as dívidas eram perdoadas, podemos afirmar com toda convicção, que o referido ano estava intimamente ligado ao perdão. Como povo de Deus, não podemos ser insensíveis à doutrina do perdão. Assim como Deus nos deu o perdão através de Cristo, devemos também estar dispostos a exercer o perdão sobre qualquer pessoa ou irmão que consideramos nosso devedor. Assim afirma a Palavra de Deus: "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo", Ef 4.32. Ver ainda Mc 11.26: "Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas". A prática do perdão não é opcional, mas obrigatória! Quando não praticamos o perdão em nosso relacionamento com os outros, ficamos devedores diante de Deus e corremos também o risco de não sermos perdoados por Ele! Que a trombeta de Deus soe forte contra a falta de perdão no meio do povo crente!

 

III. NAS GUERRAS

 

As situações de guerra sempre eram comuns em quaisquer povos da antiguidade. Isso não foi diferente com a nação de Israel. Seus principais inimigos foram os amonitas, moabitas, edonitas, filisteus, os habitantes de Canaã (heveus, periseus, jebuseus, etc.), além de muitos outros inimigos com os quais tiveram que guerrear no decurso da História. Também, como nas situações anteriores, as trombetas estavam intimamente ligadas às situações bélicas. Vamos ver alguns exemplos nas Escrituras Sagradas:

a) Mediante o toque das trombetas, o Senhor se lembraria de seu povo e sairiam vitoriosos, Nm 10.9, "E, quando na vossa terra sairdes a pelejar contra o inimigo, que vos oprime, também tocareis as trombetas retinindo, e perante o SENHOR vosso Deus haverá lembrança de vós, e sereis salvos de vossos inimigos".

O presente mandamento foi transmitido pelo Senhor antes da posse da Terra da Promessa – Canaã. Para saírem vitoriosos contra seus inimigos ao saírem para as batalhas, deveriam "retinir" as trombetas diante do Senhor! Assim fazendo, veja o que nos diz o texto, "...Deus haverá lembrança de vós, e sereis salvos de vossos inimigos". O toque das trombetas era tido como um momento de adoração solene diante do Deus Eterno, na preparação para qualquer batalha.

b) Era instrumento imprescindível nos aparatos de guerra, Nm 31.6-8, "6 E Moisés os mandou à guerra, mil de cada tribo, e com eles Finéias, filho de Eleazar, o sacerdote, com os vasos do santuário, e com as trombetas do alarido na sua mão. 7 E pelejaram contra os midianitas, como o SENHOR ordenara a Moisés; e mataram a todos os homens. 8 Mataram também, além dos que já haviam sido mortos, os reis dos midianitas: a Evi, e a Requém, e a Zur, e a Hur, e a Reba, cinco reis dos midianitas; também a Balaão, filho de Beor, mataram à espada".

A guerra em questão era contra os midianitas, originários de cinco famílias descendentes de Midiã, filho de Abraão com a concubina Quetura (Gn 25.1-4). Um detalhe interessante é que a mulher de Moisés, Zípora era midianita (Êx 2.15-21). O principal fato envolvendo os midianitas contra o povo de Deus, foi quando juntamente com os moabitas, eles alugaram Balaão, falso profeta, para amaldiçoar Israel (Nm 22 e sess.). Não conseguindo seus intentos, seduziram Israel à idolatria e imoralidade (Nm 25). Agora o Senhor queria punir os midianitas através da guerra. Observe que entre os aparatos para a guerra estavam as trombetas: "o sacerdote, ... com as trombetas do alarido na sua mão".

c) Mediante o toque das trombetas, Judá feriu Jeroboão e o exército de Israel, 2 Cr 13.13-18, "12 E eis que Deus está conosco, à nossa frente, como também os seus sacerdotes, tocando com as trombetas, para dar alarme contra vós. Ó filhos de Israel, não pelejeis contra o SENHOR Deus de vossos pais; porque não prosperareis. 13 Mas Jeroboão armou uma emboscada, para dar sobre eles pela retaguarda; de maneira que estavam em frente de Judá e a emboscada por detrás deles. 14 Então Judá olhou, e eis que tinham que pelejar por diante e por detrás; então clamaram ao SENHOR; e os sacerdotes tocaram as trombetas. 15 E os homens de Judá gritaram; e sucedeu que, gritando os homens de Judá, Deus feriu a Jeroboão e a todo o Israel diante de Abias e de Judá. 16 E os filhos de Israel fugiram de diante de Judá; e Deus os entregou na sua mão. 17 De maneira que Abias e o seu povo fizeram grande matança entre eles; porque caíram feridos de Israel quinhentos mil homens escolhidos. 18 E foram humilhados os filhos de Israel naquele tempo; e os filhos de Judá prevaleceram, porque confiaram no SENHOR Deus de seus pais".

O cenário da presente guerra era o seguinte: Jeroboão, rei de Israel, entrou em peleja contra Abias, rei de Judá. O poder de fogo de Israel era muito superior ao poder de fogo de Judá, porque, enquanto Judá possuía um exército de apenas quatrocentos mil homens "escolhidos", Israel contava com a cifra de oitocentos mil "homens escolhidos, todos guerreiros valentes" (v. 3). Porém, em virtude da grande maldade de Jeroboão em ter-se rebelado contra Deus, o Senhor estava a favor de Judá, o que faria a diferença! Note que na frente de batalha deveriam estar nada mais, nada menos, que os sacerdotes "... tocando com as trombetas, para dar alarme..." (v. 12), contra os filhos de Israel. Este procedimento acontece no v. 14: "...então clamaram ao SENHOR; e os sacerdotes tocaram as trombetas". A vitória estaria garantida! O Senhor "...feriu a Jeroboão e a todo o Israel diante de Abias e de Judá" (v. 15).

d) Seu toque correto, indicava preparação para a batalha, 1Co 14.8, "Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?"

Nesta passagem das Escrituras, Paulo demonstra seu conhecimento do valor do toque correto das trombetas na preparação de uma batalha. Este toque era um toque especial, conhecido de todos os soldados, mas acima de tudo tratava-se de um toque de Deus, uma convocação santa, em que o nome do Deus de Poder estava em evidência.

Podemos dizer que havia esta atenção toda especial ao toque das trombetas, quando qualquer situação de guerra estava desenhada. Um exemplo claro deste tipo de comportamento, podemos ver nos dias de Neemias, quando o povo de Deus trabalhava na reconstrução dos muros da cidade, sob forte pressão de seus inimigos, Ne 4.15-18, "15 E sucedeu que, ouvindo os nossos inimigos que já o sabíamos, e que Deus tinha dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um à sua obra. 16 E sucedeu que, desde aquele dia, metade dos meus servos trabalhava na obra, e metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos e as couraças; e os líderes estavam por detrás de toda a casa de Judá. 17 Os que edificavam o muro, os que traziam as cargas e os que carregavam, cada um com uma das mãos fazia a obra e na outra tinha as armas. 18 E os edificadores cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e edificavam; e o que tocava a trombeta estava junto comigo". É sugestiva a expressão: "...e o que tocava a trombeta estava junto comigo", v. 18.

Não restam dúvidas sobre o fato de que as trombetas se constituíam num aparato, num instrumento mais do que necessário nas batalhas do povo de Deus. Um fato digno de nota é que os encarregados de tocá-las, eram os sacerdotes e não os soldados comuns, ou graduados do exército! Sabemos que a classe sacerdotal representava a presença de Deus no meio de seu povo, uma vez que eles eram os responsáveis por interceder pelos filhos de Israel diante do Todo-Poderoso. Isto justifica o argumento da presença imprescindível delas nas batalhas do povo do Senhor. Não podemos deixar de afirmar que hoje também há uma grande batalha travada contra o povo de Deus! Paulo, falando aos efésios disse: "Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais", Ef 6.12. Nossa luta não é contra o homem, mas contra os demônios, que muitas vezes usam as pessoas com o objetivo de nos atingir. Se quisermos estar preparados para esta batalha no reino espiritual, precisamos tomar "...toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes", v. 13. Se as trombetas de Deus não ressoar em nosso favor, certamente perecemos!

 

IV. NOS MOMENTOS DE GRANDE ALEGRIA

 

Todo filho de Deus deve entender que toda "dádiva" e todo "dom" vem do Senhor, Tg 1.17, "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação". Por esta razão nossa vida em Deus deve expressar alegria, prazer contentamento, por tudo o que temos recebido das mãos divinas. Muitos de nós pensamos que ser crente é se encaramujar, viver com aquele "ar de seriedade", fugir de tudo e de todos! Porém a alegria deve ser algo constante em nossa vida de relacionamento com o Senhor. Não foi por acaso que o apóstolo Paulo, ao escrever sua carta aos Filipenses, utiliza o termo "alegria", "regozijo", muitas vezes (Fp 1.4; 4.1; 1.18; 2.17, etc.). Em virtude desta característica, esta carta é chamada por muitos estudiosos de "carta da alegria". Para mim, o versículo chave desta carta é: "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos", Fp 4.4. A alegria deve ser presente e constante na vida do filho de Deus.

No mesmo prisma, a Carta aos Hebreus, usa uma expressão interessante - "...o teu Deus, te ungiu Com óleo de alegria...", Hb 1.9. Foi esta "unção da alegria" que fez com que aqueles irmãos, mesmo sofrendo perdas irreparáveis, como bens pessoais, propriedades, etc., não perdessem a alegria em seus corações: "Porque também vos compadecestes das minhas prisões, e com alegria permitistes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos tendes nos céus uma possessão melhor e permanente", Hb 10.34. A garantia de uma "possessão melhor e permanente", pôde fazer daqueles irmãos pessoas alegres, contentes, mesmo tendo sido defraudados em seus bens materiais.

Ao olharmos para o Velho Testamento, iremos notar que em muitas ocasiões a alegria e o regozijo tomou conta dos filhos de Israel. Nesses momentos o estrondar das trombetas era um fator pertinente. Queremos destacar pelo menos dois momentos em que a alegria do povo de Deus esteve associada ao "sonido das trombetas":

a) Alegria de Davi pela retorno da Arca da Aliança à sua cidade, 2Sm 6.12-15, "12 Então avisaram a Davi, dizendo: Abençoou o SENHOR a casa de Obede-Edom, e tudo quanto tem, por causa da arca de Deus; foi pois Davi, e trouxe a arca de Deus para cima, da casa de Obede-Edom, à cidade de Davi, com alegria. 13 E sucedeu que, quando os que levavam a arca do SENHOR tinham dado seis passos, sacrificava bois e carneiros cevados. 14 E Davi saltava com todas as suas forças diante do SENHOR; e estava Davi cingido de um éfode de linho. 15 Assim subindo, levavam Davi e todo o Israel a arca do SENHOR, com júbilo, e ao som das trombetas".

A arca de Deus, ou arca da aliança, como comumente era chamada, havia sido levada pelos filisteus, nos dias de Samuel por ocasião de uma ferrenha batalha: "E foi tomada a arca de Deus: e os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, morreram", (1Sm 4.11); Quando Eli, o sumo-sacerdote recebeu a notícia da morte de seus filhos, caiu para trás da cadeira em que estava assentado e morreu, (1Sm 4.12-18); Sua nora, mulher de Finéias, grávida, entrou em trabalho de parto, vindo também a morrer no parto (1Sm 4.19-20); Em virtude das circunstâncias, o filho que nasceu foi chamado de Icabode, que significa: "foi-se a glória de Israel" (1Sm 4.21). Ao ser levada, a arca de Deus entra num período de peregrinação de sete meses no meio dos filisteus, peregrinação esta, marcada por tragédias e maldições (1Sm 5). Com isso, a arca foi devolvida ao território de Israel, vindo parar em Bete-Semes (1Sm 6.12). Ferindo o Senhor os homens de Bete-Semes, ela foi levada para Quiriate-Jearim, ficando na casa de Abinadabe e ali permaneceu por cerca de 20 anos, (1Sm 6.19-7.1-2). Embora Saul tenha tentado trazê-la de volta durante seu reinado (1Sm 14.18), isso somente foi possível nos dias de Davi.

Quando Davi, juntamente com uma grande comitiva, trazia a arca da casa de Abinadabe, Uzá, um daqueles que guiavam o carro que a transportava, displicentemente "estendeu a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram" (1Sm 6.6), teve morte instantânea (v. 7). Isso causou grande desgosto a Davi que acabou deixando a arca na casa de Obede-Edom, onde permaneceu por três meses, vs. 9-11, "9 E temeu Davi ao SENHOR naquele dia; e disse: Como virá a mim a arca do SENHOR? 10 E não quis Davi retirar para junto de si a arca do SENHOR, à cidade de Davi; mas Davi a fez levar à casa de Obede-Edom, o giteu. 11 E ficou a arca do SENHOR em casa de Obede-Edom, o giteu, três meses; e abençoou o SENHOR a Obede-Edom, e a toda a sua casa".

Chegando ao nosso texto (2Sm 6.12-15), observamos Davi caindo em si "...com alegria, fez subir a arca de Deus da casa de Obede-Edom, à Cidade de Davi", v. 12. Neste cortejo, Davi "...dançava com todas as suas forças diante do Senhor...", trazendo a arca "...com júbilo e ao som de trombetas", v. 15. Era uma tremenda festa de alegria! Depois de mais de vinte anos a arca retornava ao seu devido lugar. Não podia faltar nesta grande comemoração, o "alarido" das trombetas, fechando com chave de ouro a magnífica comemoração!

b) Alegria de Jeosafá e os homens de Judá, após uma grande vitória diante dos inimigos, 2 Cr 20.27-29, "27 Então voltaram todos os homens de Judá e de Jerusalém, e Jeosafá à frente deles, e tornaram a Jerusalém com alegria; porque o SENHOR os alegrara sobre os seus inimigos. 28 E vieram a Jerusalém com saltérios, com harpas e com trombetas, para a casa do SENHOR. 29 E veio o temor de Deus sobre todos os reinos daquelas terras, ouvindo eles que o SENHOR havia pelejado contra os inimigos de Israel".

Jeosafá, com seu exército havia ganho uma tremenda guerra contra os filhos de Moabe e os filhos de Amom, seus quase eternos inimigos. No início do capítulo, podemos ver como se desenhava uma tremenda ameaça contra o povo de Deus, uma vez que estas duas nações juntas, mais os "neumitas" (moradores do monte Seir, também descendentes de Amom), formavam uma grande multidão (v. 1-2), cujo objetivo era aniquilar, destruir Judá. Porém, através da intervenção divina, Jeosafá saiu vitorioso (vs. 22-24). Em seu retorno para Jerusalém, todos estavam tomados de grande alegria, e a Palavra de Deus nos registra que "...vieram a Jerusalém com saltérios, com harpas e com trombetas, para a casa do SENHOR", v. 28.

Sim, podemos dizer que as trombetas estavam ligadas aos momentos de alegria da vida nacional do povo de Israel, não somente pelos dois textos mencionados, mas também, por outros tantos encontrados nas Escrituras. Hoje também, devemos manifestar nossa alegria, pelo que temos e somos diante do Todo-Poderoso. Devemos trombetear "alegria" por onde passamos! Há inúmeros motivos para o povo de Deus se alegrar. Consideremos o ensino de Paulo: "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos", Fp 4.4.

 

V. NAS UNÇÕES ESPECIAIS

 

A palavra "ungir", vem do termo hebraico "hxvm" (moshchah), e tem a ver com "porção consagrada", "óleo da unção", "porção", "unguento", "porção para unção". Esta palavra em sua forma verbal significa: "untar", "ungir", "espalhar um líquido", "besuntar".

No Velho Testamento, eram comuns as unções. Ungia-se lugares – coluna ungida por Jacó (Gn 31.13); unção da Tenda da Congregação (Êx 30.26; 40.11), pessoas (Êx 28.41), utensílios de culto (Lv 8.10), etc. Todavia três unções eram especiais, que eram a unção do Sacerdote – ex. Arão e seus filhos (Êx 28.41), a unção do rei – ex. Davi, Jeú (1Sm 16.12; 1Rs 19.16), e a unção do profeta – ex. Eliseu (1Rs 19.16).

Embora não tenhamos um registro bíblico detalhado, é possível que na maiorias das unções, havia toque de trombetas, devido ao momento festivo e importante. Lembramos, pelo menos, uma ocasião em que a unção foi praticada em meio ao retinir das trombetas:

Unção de Salomão como rei sucessor de Davi, 1Rs 1.33-39, "33 E o rei lhes disse: Tomai convosco os servos de vosso senhor, e fazei subir a meu filho Salomão na mula que é minha; e levai-o a Giom. 34 E Zadoque, o sacerdote, com Natã, o profeta, ali o ungirão rei sobre Israel; então tocareis a trombeta, e direis: Viva o rei Salomão! 35 Então subireis após ele, e virá e se assentará no meu trono, e ele reinará em meu lugar; porque tenho ordenado que ele seja guia sobre Israel e sobre Judá. 36 Então Benaia, filho de Joiada, respondeu ao rei, e disse: Amém; assim o diga o SENHOR Deus do rei meu senhor. 37 Como o SENHOR foi com o rei meu senhor, assim o seja com Salomão, e faça que o seu trono seja maior do que o trono do rei Davi meu senhor. 38 Então desceu Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, filho de Joiada, e os quereteus, e os peleteus, e fizeram montar a Salomão na mula do rei Davi, e o levaram a Giom. 39 E Zadoque, o sacerdote, tomou o chifre de azeite do tabernáculo, e ungiu a Salomão; e tocaram a trombeta, e todo o povo disse: Viva o rei Salomão".

O contexto histórico era o seguinte: Davi sabia que seu tempo estava terminando, e como havia o risco de outro de seus filhos usurpar o trono, ordenou a seus servos que fossem buscar Salomão, instruindo Zadoque, o sacerdote, que juntamente com Natã, o profeta, comandassem o processo de unção real. Para a cerimônia de unção não deveria faltar o toque especial da trombeta – "...então tocareis a trombeta, e direis: Viva o rei Salomão!" Observe como tudo transcorreu: "Então desceu Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta ... E Zadoque, o sacerdote, tomou o chifre de azeite do tabernáculo, e ungiu a Salomão; e tocaram a trombeta, e todo o povo disse: Viva o rei Salomão".

Como nos exemplos já citados, aqui também, nesta unção para o trono, as trombetas "retiniram" em sinal da aprovação do Deus Eterno! Em nossos dias, o povo de Deus precisa, mais do que nunca, estar debaixo da unção do Espírito Santo, para suportar a pressão inimiga que a cada dia se torna mais intensa e agressiva. Para nos levantarmos contra o inferno e suas hostes e sairmos vitoriosos, somente estando debaixo da cobertura do sangue de Cristo e munidos da unção divina! Assim como Jesus de Nazaré foi "ungido" para fazer o bem, e curar todos os oprimidos pelo diabo (At 10.38), nós também devemos buscar a unção divina e trombetear contra Satanás e seus exércitos, libertando aqueles que são por Ele feitos prisioneiros! Certamente, como igreja do Deus vivo, haveremos de prevalecer, pois temos esta garantia do Senhor: "...sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela", Mt 16.18.

 

VI. NO LOUVOR E EXALTAÇÃO A DEUS

 

Se estamos lidando com um instrumento que emite som, e como o louvor a Deus sempre está ligado a instrumentos sonoros, não é de se admirar que as trombetas eram parte importante nos momentos de louvor e adoração ao Senhor. Sabemos que Deus se agrada dos louvores de seu povo, e Davi declara que o Eterno habita no meio dos louvores: "...tu que habitas entre os louvores de Israel", Sl 22.3. É por esta razão que o salmista nos exorta a louvar: "LOUVAI ao SENHOR, porque é bom cantar louvores ao nosso Deus, porque é agradável; decoroso é o louvor". Observe a expressão "porque é agradável". O louvor tanto é agradável para aqueles que o praticam, como é também agradável Àquele que o recebe! Daí a importância do louvor associado ao sonido das trombetas. Olhemos para alguns situações em que esta prática aconteceu:

a) Na chegada da arca da aliança a Jerusalém, 1 Cr 16.6-7, 42, "6 Também Benaia, e Jaaziel, os sacerdotes, continuamente tocavam trombetas, perante a arca da aliança de Deus. 7 Então naquele mesmo dia Davi, em primeiro lugar, deu o seguinte salmo para que, pelo ministério de Asafe e de seus irmãos, louvassem ao SENHOR 42 Com eles, pois, estavam Hemã e Jedutum, com trombetas e címbalos, para os que haviam de tocar, e com outros instrumentos de música de Deus; porém os filhos de Jedutum estavam à porta".

Foi um dia de grande festa, onde holocaustos e sacrifícios pacíficos foram oferecidos ao Senhor. Pão, carne e vinho foram distribuídos à vontade ao povo, numa manifestação de grande alegria por parte do rei. Evidentemente, não poderia faltar o louvor contínuo na presença do Todo-Poderoso. Aparentemente, até mesmo um salmo apropriado para a ocasião, foi composto por Davi, num gesto de gratidão ao Senhor. O retinir das trombetas se ouvia! Benaia, Jaaziel, os sacerdotes, Hemã e Jedutum, juntamente com seus filhos, tocavam as trombetas e outros instrumentos sonoros, praticando o louvor diante da arca, que representava a presença de Deus no meio deles.

b) No termino do Tempo - condução da arca para o Santuário, 2 Cr 5.12-14, "12 E os levitas, que eram cantores, todos eles, de Asafe, de Hemã, de Jedutum, de seus filhos e de seus irmãos, vestidos de linho fino, com címbalos, com saltérios e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar; e com eles até cento e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas). 13 E aconteceu que, quando eles uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam, para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao SENHOR; e levantando eles a voz com trombetas, címbalos, e outros instrumentos musicais, e louvando ao SENHOR, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre, então a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a casa do SENHOR; 14 E os sacerdotes não podiam permanecer em pé, para ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do SENHOR encheu a casa de Deus".

Aqui também são realizados grandes sacrifícios, "...sacrificaram carneiros e bois, que não se podiam contar, nem numerar, por causa da sua abundância", v. 6. Enquanto isso, a arca com outros utensílios sagrados que anteriormente estavam na Tenda da Congregação, agora eram conduzidos pelos sacerdotes e levitas ao interior do Templo, numa grande celebração. Um extraordinário grupo de louvor formado pelos "levitas cantores", "Asafe", "Hemã", "Jedutum", "seus filhos" e "seus irmãos", vestidos com trajes de gala, cantavam e tocavam seus instrumentos diante do Senhor. Não faltaram, os sacerdotes, em número de cento e vinte, que retiniram suas trombetas associadas àqueles momentos de louvor e adoração!

Algo que não podemos deixar de mencionar foi a forte unção de Deus que veio sobre eles: Quando eles "...uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam, para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao SENHOR; e levantando eles a voz com trombetas, címbalos, e outros instrumentos musicais, e louvando ao SENHOR..." (v. 13), a presença de Deus foi tão expressiva que "...os sacerdotes não podiam permanecer em pé, para ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do SENHOR encheu a casa de Deus" (v. 14). No tocar das trombetas e no cântico de adoração, houve a maravilhosa manifestação da gloria de Deus!

c) Na consagração do templo, 2 Cr 7.6, "E os sacerdotes, serviam em seus ofícios; como também os levitas com os instrumentos musicais do SENHOR, que o rei Davi tinha feito, para louvarem ao SENHOR, porque a sua benignidade dura para sempre, quando Davi o louvava pelo ministério deles; e os sacerdotes tocavam as trombetas diante deles, e todo o Israel estava em pé".

Como de costume, sacrifícios foram oferecidos, porém o fogo que os consumiu não foi o fogo produzido pelos sacerdotes, como comumente acontecia, mas conforme nos registra o texto "...desceu o fogo do céu, e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do SENHOR encheu a casa", v. 1. Também nos relata o texto sagrado que os sacerdotes "...não podiam entrar na casa do SENHOR, porque a glória do SENHOR tinha enchido a casa do SENHOR", v. 2, o que provocou momentos de grande contrição e humilhação na presença de Deus: "E todos os filhos de Israel vendo descer o fogo, e a glória do SENHOR sobre a casa, encurvaram-se com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram e louvaram ao SENHOR, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre", v. 3.

Em meio a essa grande festa e manifestação da presença divina, um grande cenário de louvor e adoração foi armado! Os sacerdotes e os levitas, utilizando seus instrumentos musicais – detalhe interessante é que tais instrumentos foram produzidos pelas mãos de Davi -, louvaram ao Senhor exclamando que "...sua benignidade dura para sempre...". Até mesmo Davi tomou parte nesta adoração importante a Deus - "Davi o louvava pelo ministério deles...". Enquanto tudo acontecia, os sacerdotes, "tocavam as trombetas", conduzido esta cena grandiosa de adoração!

Como vimos, o louvor é agradável a Deus! Ele mesmo exige de nós que somos seu povo que O adore com tudo que temos e somos! Como vimos, o toque das trombetas jamais esteve ausente nos momentos de grande alegria, festividades, louvor e adoração no meio do povo de Israel. Nós também, sabedores de que o Senhor tem prazer no louvor de seu povo, precisamos cultivar em nosso meio um espírito de louvor e verdadeira adoração. Não negligenciemos o fato de que as trombetas estão tocando através de nosso louvor ao Senhor e elas voltarão a tocar nos momentos decisivos, e que estão por vir, na história da humanidade!

 

VII. NAS ALIANÇA DE DEUS COM SEU POVO

 

No Antigo Testamento, as alianças eram comuns! Deus fez aliança com Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Davi, e tantos outros patriarcas que fizeram parte da história do povo de Israel. A palavra "aliança", vem do termo hebraico "tyrb" (beriyth), que tem como significado: "acordo", "compromisso", "tratado", "pacto", entre duas partes. As alianças entre Deus e o homem, normalmente eram propostas por Ele, onde bênçãos divinas eram prometidas, cabendo ao homem apenas obedecer os princípios e as ordenanças requeridas pelo Senhor. Como nas situações já mencionadas, em ocasiões de aliança, o toque das trombetas não deixou de faltar. Vejamos dois exemplos:

a) Renovação da aliança nos dias de Asa, rei de Judá, 2 Cr 15.12-15, "12 E entraram na aliança para buscarem o SENHOR Deus de seus pais, com todo o seu coração, e com toda a sua alma; 13 E de que todo aquele que não buscasse ao SENHOR Deus de Israel, morresse; assim o menor como o maior, tanto o homem como a mulher. 14 E juraram ao SENHOR, em alta voz, com júbilo e com trombetas e buzinas. 15 E todo o Judá se alegrou deste juramento; porque de todo o seu coração juraram, e de toda a sua vontade o buscaram, e o acharam; e o SENHOR lhes deu repouso ao redor".

O presente texto começa com uma proclamação profética por parte do profeta Obede, mostrando que a nação de Israel estava sofrendo em razão de estarem vivendo "sem o verdadeiro Deus". Não havia neste tempo em Israel o ofício sacerdotal e a lei de Deus estava completamente ausente – "...sem sacerdote que o ensinasse, e sem lei", v. 3. Declara o profeta que se eles buscassem ao Senhor, certamente o encontrariam, o que certamente lhes mudaria a sorte: "...se o buscardes, o achareis...", v. 2.

Ao ouvir as palavras proféticas de Obede, Asa tomou uma posição, conforme podemos ver no versículo 8: "Ouvindo, pois, Asa estas palavras, e a profecia do profeta Obede, cobrou ânimo e tirou as abominações de toda a terra, de Judá e de Benjamim, como também das cidades que tomara nas montanhas de Efraim, e renovou o altar do SENHOR, que estava diante do pórtico do SENHOR". O primeiro passo dado na direção de uma volta para Deus, foi a renovação do "altar do Senhor". Ordenou um grande ajuntamento, onde muitos sacrifícios e ofertas, foram oferecidos ao Senhor: "E no mesmo dia ofereceram em sacrifício ao SENHOR, do despojo que trouxeram, setecentos bois e sete mil ovelhas", v. 11.

Com a renovação do altar e o oferecimento dos sacrifícios, a porta para a renovação da aliança com Deus estava aberta, o que podemos ver no v. 12, "...entraram na aliança para buscarem o SENHOR...". Esta renovação de aliança envolvia a busca ao Senhor "...com todo o seu coração, e com toda a sua alma", v. 12. Tal era a importância daquele momento que aquele que não se envolvesse, poderia até mesmo ser morto. Num juramento solene em alta voz, o povo expressou seu "...júbilo com trombetas e buzinas".

b) Aliança com o Senhor nos dias de Ezequias, 2 Cr 29.10, 27-29, "10 Agora me tem vindo ao coração, que façamos uma aliança com o SENHOR Deus de Israel, para que se desvie de nós o ardor da sua ira. 26 Estavam, pois, os levitas em pé com os instrumentos de Davi, e os sacerdotes com as trombetas. 27 E Ezequias deu ordem que oferecessem o holocausto sobre o altar; e ao tempo em que começou o holocausto, começou também o canto do SENHOR, com as trombetas e com os instrumentos de Davi, rei de Israel. 28 E toda a congregação se prostrou, quando entoavam o canto, e as trombetas eram tocadas; tudo isto até o holocausto se acabar. 29 E acabando de o oferecer, o rei e todos quantos com ele se achavam se prostraram e adoraram".

Ao assumir o trono Ezequias reparou as portas do templo que estavam danificadas, convocou os sacerdotes e levitas a uma consagração, além de exigir deles que também santificassem a Casa de Deus, tirando do Santuário "toda imundícia". A situação era caótica porque os "...pais transgrediram, e fizeram o que era mau aos olhos do SENHOR nosso Deus, e o deixaram, e desviaram os seus rostos do tabernáculo do SENHOR, e lhe deram as costas", v. 6. Em razão da transgressão dos "pais", o Templo estava fechado e todos os rituais de sacrifícios estavam suspensos, o que atraiu sobre a nação o juízo divino: "8 Por isso veio grande ira do SENHOR sobre Judá e Jerusalém, e os entregou à perturbação, à assolação, e ao escárnio, como vós o estais vendo com os vossos olhos. 9 Porque eis que nossos pais caíram à espada, e nossos filhos, e nossas filhas, e nossas mulheres; por isso estiveram em cativeiro", vs. 8-9.

Uma nova aliança se fazia necessária! Através de uma comoção interior, Ezequias convoca o povo a fazer um novo pacto com o Senhor. O objetivo principal do pacto proposto era: "...para que se desvie de nós o ardor da sua ira", v. 10. O apelo real surtiu resultados: "12 Então se levantaram os levitas, Maate, filho de Amasai, e Joel, filho de Azarias, dos filhos dos coatitas; e dos filhos de Merari, Quis, filho de Abdi, e Azarias, filho de Jealelel; e dos gersonitas, Joá, filho de Zima, e Éden, filho de Joá; 13 E dentre os filhos de Elisafã, Sinri e Jeuel; dentre os filhos de Asafe, Zacarias e Matanias; 14 E dentre os filhos de Hemam, Jeuel e Simei; e dentre os filhos de Jedutum, Semaías e Uziel. 15 E ajuntaram a seus irmãos, e santificaram-se e vieram conforme ao mandado do rei, pelas palavras do SENHOR, para purificarem a casa do SENHOR. 16 E os sacerdotes entraram na casa do SENHOR, para a purificar, e tiraram para fora, ao pátio da casa do SENHOR, toda a imundícia que acharam no templo do SENHOR; e os levitas a tomaram, para a levarem para fora, ao ribeiro de Cedrom", vs. 12-16.

Indo para o vs. 26-29, vamos perceber que entre os instrumentos tocados na cerimônia de reconsagração estavam os sacerdotes munidos das trombetas. Ao começarem o "...canto do SENHOR, com as trombetas e com os instrumentos de Davi, rei de Israel", v. 27, nos diz a Palavra de Deus que "...toda a congregação se prostrou ... até o holocausto se acabar", v. 28. Mesmo após o oferecimento dos holocaustos, "...o rei e todos quantos com ele se achavam se prostraram e adoraram", v. 29.

Em nosso tempo, estamos também debaixo de uma aliança com o Senhor. Trata-se de "nova aliança", proposta por Deus através do sangue de Cristo. Ao ensinar acerca da Ceia do Senhor, o apóstolo Paulo repete os termos proferidos pelo Senhor na ocasião em que celebrou a última Ceia com seus discípulos: "Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim", 1Co 11.25. Observe a expressão "novo testamento no meu sangue". Com essa expressão, Cristo estava dizendo que o "testamento", a "aliança", tinha como um de seus elementos principais o seu próprio sangue que seria derramado no Calvário. É por esta razão que ao participarmos da Mesa do Senhor, precisamos ter nossas mentes e corações voltados para a cruz – "fazei isto em memória de mim". Fato digno de nota é que esta ordenança não será interrompida nos céus, quando estivermos vivendo para sempre com o Senhor: "E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai", Mt 26.29. Isto nos leva a crer que a lembrança do sacrifício de Cristo e o sangue derramado estarão presentes na eternidade! Esta verdade não é motivo mais do que suficiente para retinirmos as trombetas em glorificação ao Todo-Poderoso?

 

VIII. NO JUÍZO DIVINO

 

Em muitas situações em que o juízo de Deus se haveria de se manifestar, há a referência ao toque de trombetas, ora para denunciar o pecado do povo, através da palavra profética, ora para anunciar o juízo divino, caso não houvesse conversão e retorno para Deus. Vejamos alguns exemplos:

a) Juízo sobre os príncipes de Judá e Efraim, Os 5.8-11, "8 Tocai a buzina em Gibeá, a trombeta em Ramá; gritai altamente em Bete-Áven; depois de ti, ó Benjamim. 9 Efraim será para assolação no dia do castigo; entre as tribos de Israel manifestei o que está certo. 10 Os príncipes de Judá são como os que mudam os limites; derramarei, pois, o meu furor sobre eles como água. 11 Efraim está oprimido e quebrantado no juízo, porque quis andar após o mandamento dos homens".

Temos aqui duas denúncias graves. A primeira envolve os príncipes de Judá, que são tidos como "os que mudam os limites", ou seja, estavam extrapolando em seus desvarios na desobediência aos mandamentos do Senhor; a segunda é uma queixa contra Efraim, porque "quis andar após o mandamento dos homens", ou em outras palavras, seu comportamento não estava pautado na Palavra de Deus, mas em conselhos puramente humanos. Efraim foi o segundo filho de José, que mais tarde veio se tornar uma tribo. Porém, Efraim aqui no livro de Oséias é uma designação para o reino do norte, o mesmo que Israel.

Tanto o juízo divino contra os príncipes de Judá, como o juízo divino contra Efraim, em virtude de seus atos criminosos praticados contra o Senhor, estão associados ao retinir das trombetas. O ordem de Deus ao profeta é: "tocai a trombeta" em todos os lugares possíveis (Gibeá, Ramá, Bete-Áven, etc.), para que os pecados fossem denunciados, ao mesmo tempo em que o profeta deveria anunciar o castigo que estava por vir - "...derramarei, pois, o meu furor sobre eles como água".

b) Juízo sobre Israel, Os 8.1-4, "1 PÕE a trombeta à tua boca. Ele virá como a águia contra a casa do SENHOR, porque transgrediram a minha aliança, e se rebelaram contra a minha lei. 2 E a mim clamarão: Deus meu Nós, Israel, te conhecemos. 3 Israel rejeitou o bem; o inimigo prossegui-lo-á. 4 Eles fizeram reis, mas não por mim; constituíram príncipes, mas eu não o soube; da sua prata e do seu ouro fizeram ídolos para si, para serem destruídos".

Novamente temos aqui a ordem divina: "Põe a trombeta à tua boca". A expressão "Ele virá como águia contra a casa do Senhor", é uma referência ao rei da Assíria, Salmaneser V, que viria sitiar Jerusalém em 722 a.C.. Salmaneser deixaria a consumação final da destruição ao seu herdeiro , Sargom II, por volta dos anos 722 a 705 a.C.. De nada adiantaria qualquer justificativa, pois seus pecados estavam evidentes: "...fizeram reis, mas não por mim; constituíram príncipes, mas eu não o soube; da sua prata e do seu ouro fizeram ídolos para si, para serem destruídos".

c) Juízo sobre Moabe, Am 2.1-3, "1 ASSIM diz o SENHOR: Por três transgressões de Moabe, e por quatro, não retirarei o castigo, porque queimou os ossos do rei de Edom, até os tornar a cal. 2 Por isso porei fogo a Moabe, e consumirá os palácios de Queriote; e Moabe morrerá com grande estrondo, com alarido, com som de trombeta. 3 E exterminarei o juiz do meio dele, e a todos os seus príncipes com ele matarei, diz o SENHOR".

Moabe era uma nação formada por um neto de Ló, nascido de uma relação incestuosa com sua filha primogênita (Gn 19.37). Não precisamos dizer que Moabe sempre foi uma "pedra no sapato" para a nação de Israel. Como no decorrer da história os moabitas sempre foram inimigos ferrenhos do povo de Deus, isso que nos leva a pensar no mal que podemos trazer para nossas gerações futuras, quando geramos filhos fora do casamento e da vontade de Deus. Sobre a expressão "...queimou os ossos do rei de Edom, até os tornar a cal", temos um comentário sugestivo do Dr. Shedd: "Algo desta luta, se descreve em 2Rs 3.5-27. As rivalidades se desenvolveram a tal ponto que, não havendo possibilidade de conseguir prender ou matar o rei inimigo, abriu-se o túmulo de um rei morto, para o ultrajar profanando seus ossos" (Bíblia Vida Nova, pg. 895).

Agora, havia chegado o momento de Deus acertar as contas com Moabe! A palavra profética é contundente: "Por isso porei fogo a Moabe, e consumirá os palácios de Queriote". A destruição dos palácios reais de Moabe provocaria a desestabilização e a ruína completa do reino. Sem um governo central, todo sistema organizacional da nação seria abalado, os tornando presas fáceis nas mãos de seus inimigos. É por esta razão que ainda hoje, numa guerra, os alvos principais são os palácios governamentais, prédios de ministérios, centros de comando, etc. Um exemplo desta estratégia de guerra, pudemos observar na recente guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, quando os primeiros alvos foram os acima mencionados.

d) Juízo do "grande dia", Sf 1.14-17, "14 O grande dia do SENHOR está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz do dia do SENHOR; clamará ali o poderoso. 15 Aquele dia será um dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas, 16 Dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortificadas e contra as torres altas. 17 E angustiarei os homens, que andarão como cegos, porque pecaram contra o SENHOR; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne será como esterco".

Alguns profetas dos Velho Testamento fazem menção a um "grande dia" (Sf 1.4), "dia da ira do Senhor" (Sf 2.2), "dia da batalha" (Zc 14.3), etc. Em quase todas as referências bíblicas há esse dia, fica-nos o entendimento de que ele seria um dia de juízo universal, que se daria num tempo futuro. No capítulo 14 de Zacarias, tal ideia é claríssima, até mesmo porque, um acontecimento com a natureza ali descrita, ainda não se deu sobre a terra. Certamente o profeta está descrevendo o retorno do Messias, cujos pés irão tocar o "Monte das Oliveiras" (v. 4), provocando um acidente geográfico sem precedentes na história, ou seja o referido monte "...será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul".

Porém é no Livro de Apocalipse que esta ideia é mais clara, Ap 8.6-13, "6 E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocá-las. 7 E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada. 8 E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar. 9 E morreu a terça parte das criaturas que tinham vida no mar; e perdeu-se a terça parte das naus. 10 E o terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas. 11 E o nome da estrela era Absinto, e a terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amargas. 12 E o quarto anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse, e semelhantemente a noite. 13 E olhei, e ouvi um anjo voar pelo meio do céu, dizendo com grande voz: Ai ai ai dos que habitam sobre a terra por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda tocar". Este trecho no livro de Apocalipse retrata o período chamado nas Escrituras de "grande tribulação" (Ap 7.14), quando terá início o julgamento de Deus sobre este mundo. É bem verdade que ainda não se trata no Juízo Final, que acontecerá um pouco mais à frente (Ap 20.12). Porém, convém observar o uso das trombetas na preparação para as catástrofes que virão sobre a terra e seus habitantes: "E o primeiro anjo tocou a sua trombeta...", v. 7; "E o segundo anjo tocou a trombeta...", v. 8; "E o terceiro anjo tocou a sua trombeta...", v. 10; etc..

Podemos ter a convicção de que o retorno de Cristo está próximo para se concretizar, e com ele o Juízo Final, quando Deus estará acertando as contas com este mundo pecaminoso! João pode antever este dia ao receber as revelações divinas: "11 E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. 12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras", Ap 20.11-12. Como povo de Deus vivemos esta expectativa, certos de que a Palavra de Deus se cumprirá nos mínimos detalhes – "E disse-me o SENHOR: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la", Jr 1.12. Nestes últimos dias, devemos trombetear a Palavra de Deus a todos quantos possíveis para não sermos culpados do sangue deles!

 

IX. NO ARREBATAMENTO DA IGREJA DE CRISTO

 

a) Ensino de Cristo, Mt 24.30-31, "30 Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. 31 E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus".

No texto em referência, podemos observar a preocupação de Cristo em orientar seus seguidores em relação a um fato importante: Seu retorno sobre a terra! É o que nos sugere a frase: "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem". Já a frase: "...os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus", nos dá a entender que o Senhor não está falando de um ajuntamento simplesmente terreno, mas Ele tinha em mente a consolidação de sua Igreja na eternidade, nos céus. Em outras palavras, Ele fala aqui de um evento esperado por todos os cristãos, ou seja o arrebatamento da Igreja.

b) Ensino de Paulo:

b.1) 1Co 15.51-52, "51 Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; 52 Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados".

Observe como o apóstolo descreve o que acontecerá por ocasião do arrebatamento. Nos é claro no texto dois pontos importantes: Em primeiro lugar, ele nos fala da transformação daqueles crentes que estarão vivos naquele dia – "...nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados...". Acreditamos que receberemos um corpo transformado que terá as mesmas características do corpo de Cristo ressurreto; Em segundo lugar, ele nos afirma que aqueles que morreram em Cristo, "...ressuscitarão incorruptíveis...", o que nos dá a ideia de que o poder criador de Deus entrará em ação para trazer de volta "fisicamente" (também num corpo glorificado, evidentemente), aqueles que partiram deste mundo morrendo na fé em Cristo como filhos de Deus. Detalhe importante nos é revelado por Paulo quanto à natureza do corpo glorificado em versículos anteriores: "42 Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. 43 Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. 44 Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. 45 Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. 46 Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. 47 O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. 48 Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. 49 E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial. 50 E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção", vs. 42-50.

b.2) 1Ts 4.15-18, "15 Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. 16 Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. 17 Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. 18 Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras".

Novamente, temos a mesma conotação do texto da carta aos Coríntios, porém Paulo acrescenta um detalhe interessante, que tem a ver com a ordem sequencial das coisas. Notando a frase "...não precederemos os que dormem...", chegamos à conclusão de que primeiramente Deus provocará a ressurreição daqueles que "dormem", ou seja, os "que morreram em Cristo", e na sequência dos acontecimentos, os vivos em Cristo também passarão pela transformação ao receberem um novo corpo, com características espirituais. É também importante observarmos a sequência que vem a seguir: Nos revela a Palavra de Deus que tantos os "ressurretos", como também os "transformados", subirão juntos ao encontro glorioso com o Senhor nas nuvens e depois nos acrescenta a Palavra que "...assim estaremos sempre com o Senhor". É neste momento histórico que a restauração do homem caído através do pecado de Adão, será consumada!

A Igreja de Cristo que hoje caminha sobre a terra precisa estar atenta e preparada, aguardando o momento em que o Senhor se manifestar nos ares, para nos arrebatar. Cristo deseja levar para si mesmo uma "...igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível", Ef 5.27. Quando Paulo escreve aos Tessalonicenses, nos lembra do fato de que precisamos nos manter santificados debaixo do cuidado de Deus: "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo", 1Ts 5.23. A palavra "irrepreensível", vem do termo grego "amemptwv" (amemptos), que significa "irrepreensivelmente, de tal forma que não existe razão para censura". É deste modo que devemos esperar o toque das trombetas de Deus anunciando a chegada do Senhor!

 

X. EM MOMENTOS DE GRANDES REVELAÇÕES DIVINAS

 

a) Revelação do Sinai - Moisés, Hb 12.18-21, "18 Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, 19 E ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram pediram que se lhes não falasse mais; 20 Porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte será apedrejado ou passado com um dardo. 21 E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo".

O Monte Sinai é destacado no Antigo Testamento como o lugar de onde Deus, através de Moisés, transmitiu os princípios legais que iriam nortear o comportamento da nação de Israel. Temos o contraste evidente entre as duas alianças, ou seja a aliança do Sinai, e a nova aliança; entre os dois montes – o Monte Sinai e o Monte Sião. "O primeiro causou terror no povo todo (Dt 5.25; 18.16) e no próprio Moisés (Dt 9.9; At 7.32) ... Monte Sião representa a presença divina onde Deus mora entre Seu povo (cf. 1Rs 14.21; Sl 78.68 s). Trata-se da ‘Jerusalém lá de cima’ (Gl 4.26; Cf. Ap 21.2), em cuja cidade os cristão são cidadãos (Hb 11.10). No Espírito os cristãos têm acesso à esta cidade celestial" (Shedd, Bíblia Vida Nova).

Observe como os princípios do Sinai foram transmitidos, mediante ao "sonido da trombeta, e à voz das palavras", o que demonstra a importância que este instrumento exercia na vida do povo de Deus, ressoado neste momento de tão grande importância da revelação divina.

b) Revelação no Juízo Final – Cristo, Ap 10.7-11, "7 Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos. 8 E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra. 9 E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o, e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. 10 E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. 11 E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis".

As revelações aqui em pauta, estarão acontecendo quando o "...sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta...", quando o "segredo de Deus", predito pelos profetas virá à tona. Notemos a voz divina ordenando a João: "Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra". Pelas instruções da voz que João ouviu (certamente a voz de Deus) este livro deveria ser ingerido por ele, e o livro seria doce na boca, mas amargo ao chegar em seu estômago. Após a obediência de João, vem a palavra divina: "Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis". A palavra profética que deverá ser transmitida aos povos, nações, línguas e reis, certamente terá a ver com o "segredo de Deus", uma revelação divina apropriada para aquele tempo dentro da história futura. Aqui também está em pauta o "toque da trombeta" pelo sétimo anjo, que precederá as revelações divinas a serem transmitidas!

Tanto o Antigo como o Novo Testamento, se constituíram na palavra revelada de Deus. O Velho Testamento foi dado no Sinai e o Novo Testamento nos foi transmitido por Cristo – "Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo", Jo 1.17. Embora chegará o tempo em que novas revelações serão dadas pelo Senhor, precisamos hoje ter cuidado com a "batelada" de revelações falsas quem vem acontecendo no meio do povo de Deus. Qualquer revelação que não tem base na Palavra escrita de Deus, não deve merecer nossa consideração, e muito menos ser aceita como norma de fé e conduta! É do nosso conhecimento que as aberrações de muitas seitas falsas tiveram suas origens em homens que se diziam portadores de uma nova mensagem, ou de uma nova revelação, recebida segundo eles, diretamente de Deus, de Jesus ou ainda através de anjos. Paulo afirma com propriedade: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema", Gl 1.8. Levantemos a trombeta contra os falsos profetas e detentores de novas e falsas "revelações" não condizentes com o ensino das Escrituras.

 

XI. PARA SIMBOLIZAR A VOZ DIVINA

 

a) Ouvida por João no exílio da ilha de Patmos, durante a visão de Cristo glorificado, Ap 1.9-13, "9 Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo. 10 Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, 11 Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. 12 E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; 13 E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro".

A voz divina nas Escrituras é associada a muitos símbolos. Alguns mais comuns são: trovão, "...Deus da glória troveja...", Sl 29.3; águas, "...e a sua voz como a voz de muitas águas...", Ap 1.15; leão, "...3 E clamou com grande voz, como quando ruge um leão...", Ap 10.3; etc.. Todavia no texto em pauta, vemo-la, como a voz de trombeta. A expressão "voz de trombeta", associada à expressão que vem anteriormente – "uma grande voz", nos transmite a ideia de intensidade e volume. Isto sugere que a voz de Deus se fará ouvir a qualquer custo! No texto em questão, é João o receptor da voz de Deus. Porém devemos admitir que a voz de Deus ressoa e sempre ressoará tanto no mundo físico, como no mundo espiritual, atingindo todos e quaisquer ouvidos.

b) Ouvida por João quando foi arrebatado no Espírito aos céus, Ap 4.1-3, "1 DEPOIS destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz que, como de trombeta, ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer. 2 E logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono. 3 E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda".

Novamente temos a voz divina comparada a uma trombeta – "...e a primeira voz que, como de trombeta". Esta voz convida João para subir ao céu, de onde lhe seria mostrado "...as coisas que depois destas devem acontecer". Observemos que antes do capítulo quatro, o apóstolo é chamado para ver "...as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo", Ap 1.1. Estas "coisas" que aconteceriam em breve, tem a ver com as revelações contidas entre o capítulo 1 e 3; já as "coisas" que deverão acontecer depois, estão ligadas aos capítulos seguintes do livro - caps. 4-22. Sabemos que o livro de Apocalipse é a revelação (como o próprio nome sugere), dos acontecimentos futuros que marcarão o destino da terra e seus habitantes. Sem o conteúdo deste livro, com certeza teríamos dificuldades de montar uma Escatologia (doutrina das últimas coisas) completa. Entre as doutrinas escatológicas principais do livro, estão a "grande tribulação", o "milênio", a "criação de novos céus e nova terra", o "convívio de Deus com o seu povo", a "Batalha do Armagedom", o "Juízo Final", etc.. A voz que abre a segunda parte do livro (caps. 4-22), como não poderia ser diferente é simbolizada ao ressoar de trombeta, que aqui não é outra senão a própria voz de Deus.

A voz divina tem ressoado através de sua Palavra pregada por homens santos e devidamente comprometidos com a verdade de Deus. Há muitas vozes que atuam no mundo colocadas com "voz de Deus", mas que não passam de "voz de homem", "voz da carne". São aqueles que "adulteram a Palavra de Deus". Preocupado com este tipo de pregador Paulo nos fez a seguinte advertência: "Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da Palavra de Deus, antes falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus", 2Co 2.17. Notemos que a palavra "falsificadores" vem do termo grego "kaphleuw" (kapeleuo), que nos traz a ideia de "adulterar", "corromper", "mascatear", "mercadejar". Não estamos vivendo um tempo assim, quando o comércio em torno da Palavra de Deus tem sido alarmante e vergonhoso? A marca "Jesus" tem faturado grandes cifras monetárias e enriquecido a muitos! Isto sem falar naqueles que traem a Palavra, distorcem-na, ensinando princípios que nunca foram transmitidos por Deus! Uma voz de trombeta precisa ser ressoada urgentemente contra estas vozes diabólicas que estão corrompendo a Igreja de Deus!

 

XII. NA RETOMADA DO REINO POR CRISTO

 

Instrumento que abrirá a cerimônia, quando Cristo assumir os reinos do mundo, Ap 11.15-17, "15 E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso SENHOR e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre. 16 E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus, 17 Dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste".

Todos aqueles que estudam seriamente a Palavra de Deus devem estar cientes de que o homem foi criado como "coroa da criação" divina, com poderes para governar as demais coisas criadas. Podemos ver este fato no início da criação: "26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. 27 E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra", Gn 1.26-27. Os verbos "domine", "sujeitai", com suas ações consequentes, nos levam a pensar que ao homem foi concedida a autoridade sobre tudo o que foi criado pelo Senhor Deus. Esta autoridade abrangia tanto os seres vivos – amimais de toda espécie, como também a própria terra – "...e sujeitai-a...".

Porém, com a entrada do pecado, esta autoridade concedida ao homem pelo Senhor, foi usurpada pelo diabo que agora poderia interferir em toda a criação. Tanto a terra, com tudo o que nela havia, como também o homem estariam debaixo da maldição diabólica: "16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. 17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. 18 Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. 19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás", Gn 3.16-19.

Para que Deus pudesse resgatar sua criação, principalmente o homem, houve necessidade dEle enviar seu filho à terra, que mediante sua morte na cruz consumou o plano divino. Paulo é taxativo quando se refere ao fato em sua carta aos Gálatas: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós...", Gl 13.13. Este resgate custou não um preço em dinheiro ou em ouro, mas o sangue de Cristo, "18 Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, 19 Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado", 1Pe 1.18-19. Graças ao sacrifício do filho de Deus, só permanece debaixo de maldição quem quer!

Todavia, algo impressionante está por acontecer, quando Cristo retornar à terra para reassumir o reino que é seu por direito. É aqui que entra o texto de Apocalipse – "Os reinos do mundo vieram a ser de nosso SENHOR e do seu Cristo...". O termo grego no original e: "ginomai" (ginomai), que tem o sentido de "tornar-se", "vir à existência", "receber a vida". Como vimos, devido ao pecado, o mundo passou a ser dominado e influenciado por Satanás, que em razão de sua grande influência e poder que exerce sobre o mundo e os homens, Jesus até mesmo, o chamou de "príncipe deste mundo" (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Contudo, o "príncipe deste mundo", será deposto e Cristo assumirá de vez, juntamente com os filhos de Deus, o reinado deste mundo que por direito lhe pertence.

Aguardamos com alegria a manifestação do Senhor no dia em que o reino retornar de novamente e eternamente para suas mãos. Este será um dia de grande glória e manifestação do poder divino! Não é por acaso que João nos fala que neste tempo todos os filhos de Deus serão reis/sacerdotes e haverão de reinar com Cristo: "E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém", Ap 1.6. Ver ainda: Ap 5.10, "E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra". Levando em consideração que uma das funções principais do sacerdote no Velho Testamento era a de servir a Deus, função esta, até mesmo mais importante do que representar Deus diante do povo e vice-versa, no novo reino, nossa função como "reis e sacerdotes", terá o objetivo principal de servir ao Todo-Poderoso diante de seu trono cercado pelos anjos. Certamente, faremos coro com os anjos que estarão retinindo suas trombetas pelos séculos dos séculos!

 

CONCLUSÃO:

 

Como tivemos a oportunidade de ver pelo conteúdo deste livreto, o toque das trombetas (sophar), sempre esteve presente nos momentos mais importantes na vida do povo de Deus no Antigo Testamento. Elas retiniam nas grandes festividades e cerimônias religiosas, nas convocações para expiação e perdão de pecados, nos grandes ajuntamentos, na preparação para as batalhas, nas estratégias de guerra, etc.. O retinir das trombetas representava a "voz de Deus", para comandar, dirigir, mostrar o caminho, em situações difíceis, nas tomadas de decisão e em muitas outras circunstâncias da vida nacional. Como mencionamos, a responsabilidade de tocá-las, estava a cargo dos sacerdotes, aos quais cabia a tarefa principal de representar Deus diante de seu povo. Ninguém melhor do que os sacerdotes podia ocupar tão sublime missão! Com toda certeza, podemos afirmar que o "toque do sophar", foi decisivo em todas as situações críticas, onde os israelitas puderam ver o agir do Deus de Poder, saindo vitoriosos.

Não podemos perder de vista o fato de que as trombetas de Deus ainda hoje, estão tocando através da palavra profética daqueles que foram levantados pelo Senhor para o santo ministério. Embora possam haver muitos que se colocam na posição de profetas de Deus, mas na verdade, são "inimigos da cruz de Cristo" (Fp 3.18), tal fato não impede que homens sinceros, verdadeiros, comprometidos com a verdade, sejam usados por Deus, com a função de "trombetear" contra o mundanismo e o pecado! Não percamos de vista ainda, que como filhos legítimos de Deus, temos a gloriosa tarefa de arrancar das mãos do diabo aqueles que estão cativos, e isto não poderá acontecer sem uma exposição séria das Escrituras, pois é através da Palavra de Deus que podemos vencer as estratégias do inimigo – "...eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho...", Ap 12.11. Nas palavras de Paulo precisamos ser "...irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo", Fp 2.15. Devemos espalhar a luz de Deus, nos afastando das trevas do pecado!

Devemos lembrar ainda, que as trombetas de Deus haverão de tocar gloriosamente em alguns eventos futuros que estão para se concretizar. Entre eles estão: o retorno de Cristo – "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus...", 1Ts 4.16; o arrebatamento da igreja – "E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus", Mt 24.31; os juízos de Deus sobre a humanidade – "E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado om sangue, e foram lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada", Ap 8.7. Embora não haja menção bíblica delas no dia do Juízo Final, com certeza lá estarão, conclamando todas as nações, povos e línguas para comparecer diante do trono do Cordeiro, para cada um receber de acordo com suas obras, "E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras", Ap 20.12.

Amém!!!!

 

BIBLIOGRAFIA

 

BÍBLIA ONLINE, Módulo Avançado – V. Sociedade Bíblia do Brasil, São Paulo/SP.

SHEDD, P. Russel, M.A, B.D., PhD. "Bíblia Vida Nova". Edições Vida Nova. São Paulo/SP.

SHEDD, P. Russell, M.A, B.D., PhD, Editor em Português, "O Novo Dicionário da Bíblia". Edições Vida Nova. São Paulo/SP.