INTRODUÇÃO:
1. O estudo das Escrituras é de grande
importância para o povo de Deus. Já que a Palavra de Deus se constitui para nós
como regra de fé e prática, precisamos conhecê-la em sua profundidade. É
através dela que conhecemos a Deus e tomamos contato com os seus propósitos
para o seu povo. Já nos dizia Oséias: “Então conheçamos, e prossigamos em
conhecer ao SENHOR”, Os 6.3. Tudo quanto precisamos conhecer em relação
à vontade de Deus para poder servi-lo está registrado nas páginas sagradas. Daí
a importância de conhecer a Bíblia se almejamos de fato agradar a Deus em nossa
conduta cristã.
3.
O estudo que estamos iniciando tem como objetivo principal analisar as
principais características da Palavra de Deus, bem como elas se aplicam à
Igreja e a todos os filhos de Deus. VEJAMOS QUAIS SÃO ELAS.
1. Uma das doutrinas de maior importância
para os filhos de Deus e para a Igreja de Cristo na terra, é a doutrina da
inspiração bíblica. Sem a inspiração divina, a credibilidade da Palavra de Deus
se esvai; se Deus não foi o autor das Escrituras, elas se reduzem a um livro
comum como qualquer outro. E se a Bíblia não é o livro de Deus, tudo o que
cremos e defendemos não terá qualquer consistência, e o cristianismo será mais
uma religião mitológica entre tantas outras já existentes.
2. Porém, como cristãos defendemos o fato de
que as Escrituras Sagradas são inspiradas e são a revelação de Deus aos homens,
sobre o seu plano de redenção ao pecador. Se o plano divino revelado não
houvesse sido registrado pelos profetas e apóstolos sob a inspiração de Deus,
tudo se teria perdido! Sem a Bíblia, com certeza a religião cristã não passaria
de um amontoado de mitos sem vida e sem qualquer valor. Analisemos alguns
textos que nos mostram como a Palavra de Deus foi produzida.
a)
2Tm 3.16, “Toda
a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça”. A palavra “inspirada” – grego “yeopneustov (theopneustos)”, é
composta de duas palavras gregas “theos” (Deus) e “pneustos” (respiração,
sopro, vento). Literalmente significa que as Escrituras foram “sopradas” por
Deus nos ouvidos dos escritores bíblicos que desta maneira produziram seus
livros.
b)
2Pe 1.21,
“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os
homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. Aqui a palavra
“inspirados”, é a palavra “ferw
(phero)”, e a melhor tradução para esta palavra poderia ser “movidos”,
“conduzidos”, “carregados”. Isto nos sugere que os “homens santos” não falaram
por vontade própria, mas foram conduzidos por Deus no registro sagrado,
preservando o fato de que Deus foi o autor principal, sendo eles apenas
instrumentos.
c)
Jr 36.2, 4, “2
Toma o rolo de um livro, e escreve nele todas as palavras que te tenho falado
de Israel, e de Judá, e de todas as nações, desde o dia em que eu te falei,
desde os dias de Josias até ao dia de hoje. 4 Então Jeremias chamou a Baruque,
filho de Nerias; e escreveu Baruque da boca de Jeremias no rolo de um livro
todas as palavras do SENHOR, que ele lhe tinha falado”. Observe como
Deus fala a Jeremias: “Toma o rolo... escreve nele as palavras que tenho
falado”. Jeremias, como também outros escritores bíblicos, não falaram ou
escreveram qualquer coisa por capacidade ou vontade própria, mas simplesmente
registraram as palavras faladas pelo Senhor. Se esta transcrição foi literal,
ou não, não queremos discutir aqui. Isto é papel dos teólogos! Porém, podemos
dizer que tudo quanto os profetas registraram, foi comunicado, transmitido,
pelo Senhor.
d)
Is 30.8, “Vai,
pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para
que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente”. Novamente temos um
exemplo semelhante ao exemplo acima. Assim como Jeremias, Isaías recebeu a
ordem de Deus para registrar suas palavras proféticas contra seus filhos
rebeldes que ao invés de recorrem ao Senhor naquele momento de aperto, estavam
buscando ajuda no Egito. Estavam confiando em carros e cavalos, quando deveriam
confiar no Senhor! O que é importante é que Jeremias apenas registrou o que
Deus ordenou!
3. Sim precisamos confiar na Palavra de Deus,
sendo convictos de que ela é a revelação não de homens, mas de Deus!
1. Tudo neste mundo passa! Riquezas, bens
materiais, juventude, etc.. Tudo se acaba com o correr do tempo. Já dizia o
sábio Salomão: “DEVERAS todas estas coisas considerei no meu coração,
para declarar tudo isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras, estão nas
mãos de Deus, e também o homem não conhece nem o amor nem o ódio; tudo passa
perante ele”, Ec 9.1. As “coisas” referidas por Salomão, são
descritas em resumo no capítulo 8, verso 17: “Então vi toda a obra de
Deus, que o homem não pode perceber, a obra que se faz debaixo do sol, por mais
que trabalhe o homem para a descobrir, não a achará; e, ainda que diga o sábio
que a conhece, nem por isso a poderá compreender”. Elas se resumem na “obra de
Deus”, e a “obra que se faz debaixo do sol” (obras humanas). Tudo o que Deus
fez, como também os feitos humanos certamente irão passar.
2. Devido a esta transitoriedade das coisas
materiais, é que precisamos aprender a escolher os valores que de fato são
permanentes. É por esta razão que Jesus nos aconselhou a acumular não tesouros
terrenos, que são transitórios, mas tesouros nos céus, que são permanentes e
que jamais poderão ser destruídos: “19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a
traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 Mas
ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os
ladrões não minam nem roubam”, Mt 6.19-20.
3. Quando estamos falando da Palavra de Deus,
devemos pensar que diferentemente das coisas materiais que se diluem com o
passar do tempo, ela permanece para sempre, senão vejamos:
a)
Mt 24.35,
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”. Certamente
os céus que agora existem juntamente com a terra serão desfeitos num tempo
futuro, 2Pe 3.7, 10-11, “7 Mas os céus e a terra que agora existem pela
mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do
juízo, e da perdição dos homens ímpios. 10 Mas o dia do Senhor virá como o
ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos,
ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. 11
Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em
santo trato, e piedade”. Devemos estar cientes de que uma nova criação surgirá,
substituindo a velha: “Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não
haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão”, Is 65.17.
Ver ainda Ap 21.1, “E VI um novo céu, e uma nova terra. Porque já o
primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe”. Embora os
céus e a terra tenham tempo de existência limitado, a Palavra de Deus, jamais
passará.
b)
1Pe 1.25,
“Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre
vós foi evangelizada”. Pedro fala aqui também, da eternidade da Palavra de
Deus. No seu dizer, esta palavra é a palavra da fé que usamos no processo da
evangelização de vidas. Uma vida só pode ser salva através da ministração e
recebimento da Palavra eterna. Só ela tem vida permanente para gerar vida
eterna!
c)
Sl 119.89,
“Para sempre, ó SENHOR, a tua palavra permanece no céu”. O poder de permanência
da Palavra de Deus, não somente é decretado na terra, mas também nos céus, na
vida futura dos santos de Deus. Ao adentrarmos a Jerusalém celestial, lugar de
habitação dos anjos e dos santos de Deus, iremos conviver com a Palavra de
Deus, não mais a Palavra escrita, mas a Palavra que sai da boca de Deus, que
será nosso alimento, “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que
sai da boca de Deus”, Mt. 4.4.
4.
Sim, jamais poderemos nos esquecer do fato de que tudo vai passar, mas a
Palavra de Deus permanecerá para sempre!
1.
Outra característica das Escrituras é o seu poder de ter e transmitir vida. É
através da ação da Palavra no coração, que o homem morto espiritualmente
através da Queda em Adão, pode receber de novo a vida de Deus, Ef 2.5,
“Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com
Cristo (pela graça sois salvos)”. João nos lembra que Cristo é a Palavra (o
Logos), que se manifestou para trazer a vida, João 1.1-4, “1 No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele
estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez. 4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos
homens”. Pelo seu sacrifício Cristo tornou possível a vivificação do pecador!
2. Para compreendermos melhor esta ação da
Palavra de Deus no homem e também o seu poder para transmitir vida, vejamos
alguns textos:
a) Mt 4.4, “Ele, porém, respondendo, disse:
Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da
boca de Deus”. Todos sabemos que ao ingerirmos alimentos - no caso aqui o pão,
tais alimentos irão alimentar nossa vida física. Quem não se alimenta,
certamente morrerá! Na presente passagem das Escrituras, Jesus declara ao Diabo
que o homem, além de se alimentar de pão, precisa também alimentar-se da
“...palavra que sai da boca de Deus”. Ao lermos e meditarmos na Palavra,
estamos nos alimentando espiritualmente, Jr 15.16, “Achando-se as tuas
palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração;
porque pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR Deus dos Exércitos”.
b)
Mt 13.23,
“Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá
fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta”. Todos sabemos a
“semente”, na presente parábola é uma figura da Palavra de Deus. Quando uma
semente germina é porque dentro dela existe vida, senão não seria possível a
sua germinação. Da mesma forma, quando o leitor da Bíblia, compreende e recebe
a Palavra, ela produzirá nele vida, a vida de Deus! no dizer de Cristo, esta
vida de Deus em nós nos tornará capazes de dar fruto a “...cem, ...sessenta,
...trinta por cento.
c)
Jo 5.24,
“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele
que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da
morte para a vida”. Temos aqui de forma clara como a vida de Deus penetra em
nós – “...quem ouve a minha palavra ... tem a vida eterna”. O texto é
redundante – não somente temos a vida eterna, mas passamos “...da morte para a
vida”. Como já vimos anteriormente, sem Cristo todos nós estávamos mortos em
nossos delitos e pecados, mas ao recebermos a Palavra de Deus nossa situação é
invertida, ou seja, de mortos, nos tornamos vivos!
d)
Jo 6.63,
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu
vos disse são espírito e vida”. Jesus deixa claro para seus discípulos o poder
de vida existente em suas palavras. Observando o contexto deste versículo,
iremos encontrar muitos dos seguidores do Senhor decepcionados, escandalizados
ao ouvirem uma mensagem, onde o tema principal era “comer a carne” e “beber o
sangue” de Cristo. Pela falta de compreensão espiritual, muitos o deixaram e
“...já não andavam com ele”, v. 66. Porém os doze permaneceram juntos do
Senhor, e foram esclarecidos que as palavras dele não podiam ser recebidas
literalmente, mas eram “...espírito e vida”.
e)
Outros textos:
e.1)
Jo 8.51,
“Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca
verá a morte”.
e.2)
Hb 4.12,
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada
alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das
juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”.
e.3)
Tg 1.18,
“Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que
fôssemos como primícias das suas criaturas”.
e.4)
1Pe 1.23,
“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela
palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre”
3. Se quisermos que a vida de Deus penetre em
nós, precisamos nos apropriar de sua Palavra. Quem não recebe a Palavra de
Deus, jamais terá a verdadeira vida!
1.
Ao contemplamos a criação - os céus, as estrelas, os planetas, a terra, o mar,
etc., ficamos maravilhados, deslumbrados pela grandeza de tudo o que foi
criado. Embora a ciência tente explicar a criação através de teorias humanas
sem qualquer sustentação, nós como filhos de Deus, sabemos que tudo o que
existe é obra das mãos de Deus. Há uma riqueza de textos bíblicos que aludem à
criação como obra do Deus Criador. Podemos ver alguns deles.
a)
Gn 1.1,
“No princípio criou Deus os céus e a terra”. Não é por acaso que o primeiro
versículo das Escrituras fale da criação como um ato de Deus. O verbo “criar”,
vem do termo hebraico “arb
(bara)’”, cujo sentido é “criar”, “moldar”, “formar”. A origem de todas
as coisas que existem está na ação criativa de Deus! Ver ainda Gn 2.4,
“Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que
o SENHOR Deus fez a terra e os céus”.
b)
Is 45.18,
“Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e
a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse
habitada: Eu sou o SENHOR e não há outro”. Aqui Isaías não somente fala da
criação dos céus e da terra, mas fala que a terra foi criada com um objetivo
específico – Ele “...a formou para que fosse habitada”. Portanto, não poderia
permanecer vazia! A ordem para povoação da terra, incluía tanto os animais como
também o homem, Gn 1.21-22; 27-28, “21 E Deus criou as grandes baleias,
e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme
as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que
era bom. 22 E Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei
as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. 27 E criou Deus o homem
à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 E Deus os
abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e
sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre
todo o animal que se move sobre a terra”. Observe nestes textos que a ordem
divina para multiplicação não foi dada somente ao homem, mas também a todos os
seres vivos criados.
c)
Is 45.12,
“Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os
céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens”. Nada do que foi criado
foi sem objetivo. Observe a frase “...e a todos os seus exércitos dei as minhas
ordens”, o que nos indica uma criação não estática, mas que caminha em
obediência às determinações divinas. Toda criação obedece ao comando de Deus!
d)
At 17.24,
“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não
habita em templos feitos por mãos de homens”. Na presente passagem das
Escrituras, o apóstolo Paulo estava em Atenas, na Grécia, quando foi convidado
para expor suas ideias no Areópago – um local de convenções, e ali passou a
observar muitos altares erigidos aos deuses gregos, e no meio deles viu um
altar ao “Deus Desconhecido”. A partir deste altar, Paulo falou aos presentes
do Deus supremo, e que é responsável pela criação de tudo o que existe.
f)
Ap 10.6,
“E jurou por aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que
nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria
mais demora”. Nesta visão, João contempla um anjo fazendo juramento àquele que
“...criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que
nele há...”. Até mesmo os habitantes do céu reconhecem a criação da terra, do
espaço celeste, planetas, etc., como obra das mãos de Deus, sendo até mesmo
possível que eles tenham participado da criação, uma vez que foram criados num
período anterior a ela!
2.
O que nos é significativo destacar é que em todo o processo criativo, Deus
usou a Palavra falada, senão vejamos:
a)
Sl 33.6,
“Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo
espírito da sua boca”. Ver ainda v. 9, “Porque falou, e foi feito;
mandou, e logo apareceu”. É impressionante imaginar Deus ordenando e as coisas
surgindo do nada! É com esta certeza que o escritor aos hebreus fala: “Pela fé
entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que
aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”, Hb 11.3. Numa outra
tradução deste versículo temos: “...de maneira que o visível veio a existir das
coisas que não aparecem”, o que nos dá a ideia que tudo o que existe apareceu
como num passe de mágica, ao ser emitida a ordem criativa de Deus.
b)
Gn 1.3,
“E disse Deus: Haja luz; e houve luz”. Observe que Deus disse simplesmente “haja
luz” e a luz apareceu! Assim foi com todos os elementos criados: na separação
das águas, formando a terra seca e o mar, vs. 6-10; na criação da
vegetação, vs. 11.12; na criação das estrelas, luminares e planetas, vs.
14-18; na criação dos peixes, répteis e aves, vs. 20-22; na criação
de todos os animais terrestres, vs. 24-25. O que é importante destacar
aqui, é que apenas o homem não foi criado pela palavra criativa de Deus. Embora
tudo o que existe tenha surgido pela ordem de Deus, na criação do homem, o
processo foi diferente - Deus usou as mãos (se é que podemos dizer assim). Deus
o formou do barro e soprou-lhe o espírito em suas narinas, “E formou o SENHOR
Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o
homem foi feito alma vivente”, Gn 2.7. Neste processo Deus colocou no
homem a sua imagem e semelhança de Deus, que o destaca como coroa de toda
criação: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou”, Gn 1.27.
c)
Sl 148.1-5,
“1 LOUVAI ao SENHOR. Louvai ao SENHOR desde os céus, louvai-o nas alturas. 2
Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos. 3 Louvai-o,
sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes. 4 Louvai-o, céus dos céus, e
as águas que estão sobre os céus. 5 Louvem o nome do SENHOR, pois mandou, e
logo foram criados”. Aqui o salmista usa a expressão “mandou, e logo foram
criados”, o que nos sugere o mesmo processo já discutido acima.
3.
Com certeza a palavra de Deus é criadora. Deus ainda cria coisas no tempo
presente!
1. Vivemos uma geração enferma física e
espiritualmente! Basta olharmos as filas dos SUS nos centros públicos de saúde.
Esta situação pode ser observada até mesmo dentro de nossas igrejas, nas
intermináveis filas de oração. Quando fazemos apelo para cura, somos
surpreendidos com muitos crentes acometidos de variadas enfermidades. Se
pregamos um Cristo que cura, salva e liberta, não é tudo isso contraditório?
2.
É possível que esta situação não seja alterada, em razão de nossa postura
incrédula perante a Palavra de Deus, que nos garante cura, Pv 4.20-22,
“20 Filho meu, atenta para as minhas palavras; às minhas razões inclina o teu
ouvido. 21 Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no íntimo do teu
coração. 22 Porque são vida para os que as acham, e saúde para todo o seu
corpo”. Note a expressão: “...são vida para os que as acham, e saúde para todo
o seu corpo”. Se a Palavra de Deus promove a cura de meu corpo e eu me acho
enfermo, certamente falta em mim fé necessária para obter saúde. O erro está em
mim e não na Palavra! Olhemos outras passagens bíblicas abaixo:
a)
Mt 8.8,
“E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo
do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar”. O
centurião personagem de nosso texto declara ao Senhor que seu criado possuía
uma paralisia e vivia violentamente atormentado. Diante das declarações dele, o
Senhor manifesta o desejo de dirigir-se à sua casa para promover a cura de seu
criado. Porém, aquele homem fez uma grande afirmação: “...dize somente uma
palavra, e o meu criado há de sarar”. Ao falar desta forma o centurião reconheceu
que a palavra de Cristo era mais que suficiente para curar seu servo. É a
“palavra de Cristo” com seu poder que transmite cura, e não nossas orações
cerimoniosas!
b)
Mt 8.16,
“E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele com a sua
palavra expulsou deles os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos”.
Veja que o Senhor usou sua “palavra”, tanto para expulsar os demônios (muitos
deles são agentes de enfermidades, Lc 13.10-16), como também para curar
“...todos os que estavam enfermos”. Ao ficarmos enfermos, devemos olhar para a
Palavra de Deus para buscar nossa cura!
c)
Sl 107.20,
“Enviou a sua palavra, e os sarou; e os livrou da sua destruição”. O salmista
está fazendo uma referência ao período em que os filhos de Israel estiveram no
deserto, enquanto caminhavam em demanda à Terra da Promessa. Observe no
versículo anterior que eles “...clamaram ao SENHOR na sua angústia...”, o que o
Senhor, além de livrá-los de suas dificuldades, “enviou a sua palavra, e os
sarou”. Deus havia prometido anteriormente que se eles andassem na obediência
não seriam atingidos por enfermidades, Êx 23.25, “E servireis ao SENHOR
vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de
vós as enfermidades”. Quando desobedeceram, Deus retirou sua palavra de cura,
contudo, ao clamarem com submissão, novamente se estabeleceu o poder de cura da
Palavra de Deus!
3. Se alguém está enfermo, creia na Palavra
de Deus, e tome posse da cura!
1.
O pecado advindo pela Queda tornou o homem impuro perante o Criador,
impedindo-o de aproximar-se dEle. Em razão deste fato, e de acordo com a lei
mosaica do Antigo Testamento, somente o sacerdote podia comparecer perante Deus
representando o homem caído para interceder por ele. Porém, para que o
sacrifício pudesse ser aceito, o sacerdote precisava passar por um ritual de
purificação, onde o elemento principal era a água. Para que estas purificações
se tornassem possíveis, Deus instruiu Moisés que construísse uma pia de bronze
entre o Altar e a Tenda da Congregação, Êx 30.17-21, “17 E falou o
SENHOR a Moisés, dizendo: 18 Farás também uma pia de cobre com a sua base de
cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar; e nela
deitarás água. 19 E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés.
20 Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não
morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta
queimada ao SENHOR. 21 Lavarão, pois, as suas mãos e os seus pés, para que não
morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo a ele e à sua descendência nas
suas gerações”. Note que a negligência em banhar-se na água da pia, poderia
provocar a morte dos sacerdotes!
a)
Jo 15.3,
“Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”. Olhando o contexto
deste versículo das Escrituras, iremos ver que o Senhor está transmitindo
instruções aos seus discípulos sobre frutificação, algo que deve acontecer
naturalmente no cristão após sua salvação. Estas palavras do Senhor tinham o
objetivo de trazer-lhes segurança e convicção sobre a salvação. Observe que a
limpeza ocorrida neles somente foi possível, graças à ação da Palavra falada de
Cristo. Este mesmo processo é revelado pelo Senhor na cerimônia do lava-pés, Jo
13.10, “Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar
senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas
não todos”. A expressão “não todos”, era uma referência a Judas Escariotes, que
não era salvo, e portanto não havia sido purificado.
b)
Ef 5.26,
“Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra”. Aqui, o
apóstolo Paulo está fazendo uma referência à santificação da Igreja de Cristo.
Observe que, embora Paulo fale da “lavagem da água”, acrescenta a expressão
“pela palavra”. Tal verdade nos mostra que a água é símbolo da Palavra de Deus.
Somente através da Palavra, o Corpo de Cristo, pode ser purificado,
apresentando-se limpo no dia do encontro com o Senhor.
c)
Jo 3.5,
“Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da
água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”. Embora este versículo
seja usado de maneira errônea por algumas denominações, que defendem a doutrina
de salvação pelo batismo, podemos afirmar sem qualquer dúvida que o “nascer da
água” aqui é uma referência clara da ação da Palavra de Deus na regeneração do
pecador. Veja, por exemplo o ensino de Pedro em paralelo com texto aqui em
apreço: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da
incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre”, 1Pe
1.23. Não resta dúvida que estaríamos diante de uma contradição se
aceitássemos o fato de que em João 3.5, a regeneração acontece pela água
e em 1Pe 1.23, ela se dá pela Palavra. Somente a Palavra de Deus pode
trazer o novo nascimento ao homem!
4. Concluímos, porém, que somente a Palavra
pode nos limpar de toda e qualquer imundícia advinda do pecado!
2.
Este processo em nossa vida não ocorre apenas pela anseio da busca de uma vida
santificada e que agrade ao Senhor. Ela nos vem através da leitura, meditação e
obediência à Palavra de Deus. É verdade também, que neste processo contamos com
a ação do Espírito Santo de Deus, 2Ts 2.13, “Mas devemos sempre dar
graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde
o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade”.
Porém, se quisermos levar uma vida de santificação, não podemos negligenciar a
ação da Palavra de Deus. Senão, vejamos:
a)
Jo 17.17,
“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade”. No capítulo 17 de
João, Jesus antevendo sua morte iminente, dirige-se ao Pai em oração pelos seus
discípulos que aparentemente iriam ficar órfãos. Nesta oração está a frase do
presente versículo. Precisavam ser “santificados na verdade” e esta “verdade”
não é outra senão a própria Palavra de Deus. Ao se aprofundarem na Palavra, a
santificação seria algo subsequente.
b)
Cl 3.16,
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria,
ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos
espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração”. Quando a Palavra
de Deus habita ricamente em nossos corações, segue-se uma admoestação mútua,
somos levados a uma vida de consagração e de nossos lábios sairão salmos,
hinos, cânticos, e palavras que exaltem e glorifiquem a Jesus. Podemos medir a
intensidade de santificação numa vida se observarmos o que continuamente
proferem seus lábios. Com certeza, nossos lábios destilarão do que está cheio
nosso coração, “...porque da abundância do seu coração fala a boca”, Lc 6.45.
c)
1Tm 4.5,
“Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada”. Se olharmos para o
versículo anterior teremos: “pois
tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável”, v.
4. Daí segue-se a expressão do verso em questão – “pela palavra e pela
oração é santificada”, o que nos sugere que tudo pode ser santificado pela ação
da Palavra de Deus, isto porque ela tem o poder de penetração e transformação,
pois “...é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes,
e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta
para discernir os pensamentos e intenções do coração”, Hb 4.12.
3.
Graças a Deus pelo poder de sua Palavra que produz santificação!
2.
Além da fé para salvação, precisamos estar convictos de que há necessidade de
possuir fé para crer nas obras e manifestações de Deus. Um exemplo que podemos
citar está relacionado com a cura, pois a mesma não poderá acontecer se não for
acompanhada pela fé, Mt 9.28-30, “28 E, quando chegou à casa, os cegos
se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu possa fazer isto?
Disseram-lhe eles: Sim, Senhor. 29 Tocou então os olhos deles, dizendo:
Seja-vos feito segundo a vossa fé. 30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus
ameaçou-os, dizendo: Olhai que ninguém o saiba”. A cura destes dois cegos e de
muitos outros enfermos citados no Novo Testamento, só se tornou possível porque
eles demonstraram fé suficiente para recebê-la.
3.
É também através da fé que nos tornamos vitoriosos contra as hostes malignas:
“8 Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor,
bramando como leão, buscando a quem possa tragar; 9 Ao qual resisti firmes na
fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo”,
1Pe 5.8-9. Jamais teremos condições para resistir satanás e seus
demônios sem a fé. Foi com esta convicção que o apóstolo João profetizou: “Eu
vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já
vencestes o maligno”, 1 Jo 2.14.
4.
Outro ponto de referência que a fé se torna o caminho para a vitória, está
relacionado ao mundo: “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e
esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”, 1 Jo 5.4. O fascínio do
mundo, assim como as forças do mal lideradas pelo Diabo, são influências
perigosas para o filho de Deus. Se não mantivermos uma fé viva, seremos
automaticamente envolvidos! Foi por esta razão que João nos garantiu que “...a
vitória que vence o mundo, (é) a nossa fé”.
5.
Em muitas outras situações, a fé desempenha papel significativo, como nos diz o
escritor da Carta aos Hebreus: “32 E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo
contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de
Samuel e dos profetas, 33 Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a
justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, 34 Apagaram a força
do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se
esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos. 35 As mulheres
receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando
o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; 36 E outros
experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. 37 Foram
apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de
peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados 38 (Dos quais
o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas
da terra”. Observe quantas vitórias por meio da fé! “Reinos foram subjugados”,
“promessas alcançadas”, “bocas de leões fechadas”, “força do fogo apagada”,
“escape do fio da espada”, “exércitos de inimigos colocados em fuga”, etc..
6.
Porém, algo que ainda não falamos e que é a tese deste capítulo está no fato de
que a fé vem até nosso coração somente através da Palavra de Deus. É ela que
produz a fé que opera, Rm 10.17, “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o
ouvir pela Palavra de Deus”. Se negligenciarmos a leitura e a meditação da
Palavra, a fé não se desenvolverá em nós, e nossa vida cristã poderá apresentar
uma sucessão de derrotas. Certamente muitos crentes derrotados, sem vida,
doentes espirituais crônicos, etc., seriam transformados e cheios do poder de
Deus se praticassem a Palavra. Tiago nos orienta: “E sede cumpridores
(praticantes) da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos
discursos”, Tg 1.22. A prática da Palavra tornará o crente vitorioso e
cheio da vida de Deus!
1.
Não há como viver a vida cristã dissociada do amor. Pesa sobre nós a obrigação
de amar não somente nossos irmãos, mas também nossos inimigos, Mt 5.43-44,
“43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. 44
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem,
fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem;
para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus”. Contrariamente aos
princípios do Antigo Testamento, Jesus nos mostra neste texto a excelência do
verdadeiro amor que não faz distinção entre amigos ou inimigos. Jesus não
somente ensinou, mas praticou esta verdade, quando perdoou seus inimigos ao pé
da cruz: “33 E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram,
e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. 34 E dizia Jesus: Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”, Lc 23.33-34.
2.
O amor é a marca, o logotipo daqueles que servem a Deus. É através dele que
manifestamos nosso testemunho ao mundo sem Deus. Foi com este objetivo que
Jesus disse: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes
uns aos outros”, Jo 13.35. Quando vivemos o amor na prática entre nós,
aqueles que nos observam, conhecerão que temos uma vida comprometida com o
Senhor. Porém, quando acontece o contrário, e ao invés de vivermos o amor entre
nós, guerreamos, contendemos, andamos em discórdia, etc., escandalizamos os
homens sem Deus, o que dificulta a conversão deles. Não é sem causa que Jesus
profetizou: “...ai daquele homem por quem o escândalo vem!” Mt 18.7.
3. É através do amor que somos impulsionados
a realizar boas obras. Se amamos de fato não iremos negligenciar as
necessidades dos menos favorecidos em nosso círculo de comunhão (igreja) e
também dos necessitados em nossa sociedade. Olhemos para as palavras de Tiago:
“15 E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento
quotidiano, 16 E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos;
e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?”, Tg
2.15-16. Note agora este texto de Tiago em paralelo com 1 João 2.17-18,
onde lemos: “17 Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão
necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? 18
Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em
verdade”. Diante disto, deduzimos que não é suficiente apenas declarar nosso
amor, mas mostrá-lo em nossa vida prática.
4. Contudo, não podemos nos esquecer que o
verdadeiro amor somente entrará em nossas vidas através da obediência à Palavra
de Deus, 1 Jo 2.5, “Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de
Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos
nele”. O fato de “guardarmos a Palavra”, fará com que o amor de Deus seja
desenvolvido em nós. Para amarmos verdadeiramente, precisamos ter dentro de nós
o amor de Deus, pois o amor é a essência de seu ser: “E nós conhecemos, e
cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está
em Deus, e Deus nele”, 1 Jo 4.16. Veja que Deus é amor, e só ama de fato
“quem está ... em Deus, e Deus nele”. A ausência de Deus no coração, produz a
ausência de amor!
1. Agindo dentro do princípio de justiça, o
Deus justo, certamente tem marcado um dia para julgar os atos dos homens ímpios
e que recusaram obedecer sua palavra. Os profetas do Velho Testamento e os
apóstolos do Senhor já anteviam em suas profecias o dia do acerto de contas.
Este dia é descrito por eles como:
a) Dia da vingança, “A apregoar o ano
aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os
tristes”, Is 61.2.
b) Dia da ira, “Antes que o
decreto produza o seu efeito, e o dia passe como a pragana; antes que venha
sobre vós o furor da ira do SENHOR, antes que venha sobre vós o dia da ira do
SENHOR”, Sf 2.2. Ver ainda Rm 2.5, “Mas, segundo a tua dureza e
teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação
do juízo de Deus”.
c) Dia do Senhor, “Porque vós mesmos
sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite”, 1Ts 5.2.
d) Dia do juízo, “Assim, sabe o
Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do
juízo, para serem castigados”, 2Pe 2.9. Ver ainda 1 Jo 4.17,
“Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos
confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo”.
2. Com toda certeza, o grande juízo será
proferido pela Palavra de Deus que tanto pode ser a palavra escrita, como a
palavra que sai da boca de Deus. Vejamos:
a)
Jo 12.48,
“Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o
julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia”. Neste
caso a própria palavra da pregação, rejeitada, será o instrumento do juízo
divino. A palavra pregada tanto poderá se constituir em palavra de salvação ao
pecador que recebe a mensagem de Deus em seu coração, como também poderá se
transformar em palavra de julgamento para aquele que rejeita o plano de
salvação de Deus.
b)
Mt 7.22-23,
“22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu
nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
23 E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós
que praticais a iniquidade”. Observe a expressão: “...apartai-vos de mim, vós
que praticais a iniquidade”, que nos mostra o porquê do julgamento. Os homens
serão julgados pelos seus pecados cometidos contra Deus e contra seus
semelhantes. A palavra “iniquidade”, vem do termo grego “anomia (anomia)”, e significa:
“ausência de lei”, “a condição daquele que não cumpre a lei”, “o transgressor”,
“maldade”. Não há como escapar, uma vez que a própria vida do pecador
testemunhará contra ele no dia do juízo. Observe que é a palavra proferida pela
boca de Cristo que trará a sentença!
c)
Mt 25.41-46,
“41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos,
para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; 42 Porque tive fome, e
não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; 43 Sendo
estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na
prisão, não me visitastes. 44 Então eles também lhe responderão, dizendo:
Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou
enfermo, ou na prisão, e não te servimos? 45 Então lhes responderá, dizendo: Em
verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o
fizestes a mim. 46 E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a
vida eterna”. Aqui, temos uma outra faceta de como será o grande julgamento. Os
homens serão julgados pelo que fizeram ou deixaram de fazer em prol do semelhante.
Precisamos ter consciência que ao deixarmos de alimentar aquele que tem fome,
ou deixarmos de dar de beber ao que tem sede, etc., estaremos deixando de fazer
estas coisas ao próprio Senhor, que cuida do pobre e do oprimido. Já dizia o
salmista que o Senhor “...faz justiça aos oprimidos, ... dá pão aos famintos,
... solta os encarcerados”, Sl 146.7. Certamente a palavra de Cristo aos
desobedientes será contundente: “apartai-vos de mim”!
3.
Devemos receber a Palavra de Deus e praticá-la, para escaparmos do juízo
divino!
1.
Um dos grandes problemas para os cristãos é a ação de satanás e seus demônios.
Este império do mal tem a função principal investir contra a obra de Deus,
trazendo tremendas perturbações para aqueles que são participantes do reino. Na
parábola do joio e do trigo, Jesus nos mostra com clareza esta ação satânica,
demonstrando que, enquanto os filhos do reino semeiam a boa semente, os
emissários do diabo espalham o joio, “38 O campo é o mundo; e a boa semente são
os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno; 39 O inimigo, que o
semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos”, Mt
13.38-39. Porém, Jesus afirma que no dia do Juízo Final, Deus se
encarregará de fazer a separação entre o trigo (filhos do reino) e o joio
(filhos do diabo), destinando os filhos do diabo para o fogo eterno, enquanto
que os filhos do reino resplandecerão como o sol, vs. 41,43.
2.
Pedro em sua primeira carta, faz menção do diabo como um leão furioso que
almeja tragar aqueles que servem a Deus, “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo,
vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa
tragar”, 1Pe 5.8. Ele busca oportunidades para nos atingir procurando
encontrar para isso uma mínima brecha. É por esta razão que Paulo escrevendo
aos efésios declarou: “Não deis lugar ao diabo”, Ef 4.27. Para ser
vitorioso o cristão não deve abrir brecha diante do inimigo, e ainda deve
resisti-lo com constância e veemência: “...resisti ao diabo, e ele fugirá de
vós”, Tg 4.7.
3.
Uma tática satânica que produz relativo sucesso é a inclusão de falsos cristãos
no seio da Igreja de Cristo com o objetivo de corromper o evangelho de Deus.
Para detectarmos a ação do diabo no meio dos filhos de Deus precisamos
desenvolver uma observação inteligente, com discernimento espiritual: “Nisto
são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não
pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus”, 1 Jo 3.10.
Neste texto temos duas evidências claras que distinguem os filhos de Deus dos
filhos do diabo. São elas:
a)
Quem não pratica a justiça. Deus é um Deus de Justiça e exige que seus filhos vivam
na prática da justiça. Não que sejamos justos por nós mesmos! Fomos
justificados pela fé em Cristo, Rm 5.1, “TENDO sido, pois, justificados
pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”. Se fomos
justificados, precisamos praticar a verdadeira justiça! No conselho a Timóteo
Paulo asseverou: “Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a
justiça...”, 1Tm 6.11. Ver ainda 2Tm 2.22: “Foge também das
paixões da mocidade; e segue a justiça...”. O crente verdadeiro precisa fugir
de coisas perniciosas, bem como, ir ao encontro da justiça que deve permear a
nossa vida como filhos de Deus. Quem não apresenta estas características -
“fuga do pecado”, e “pratica da justiça”, tem indícios de falso cristão e deve
ser alvo de nossa constante observação.
c)
Quem não ama seu irmão. Temos aqui uma outra evidência que demonstra a não
filiação divina. Se temos Cristo em nós, pesa-nos a obrigação de demonstrar
amor pelos nossos irmãos de fé, e até mesmo pelos nossos inimigos se necessário
for. O mesmo João escreveu: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é
de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus”, 1 Jo 4.7.
Se somos nascidos de Deus, devemos apresentar as mesmas características de
Deus. Se Ele é amor, devemos viver também no amor, pois só assim se seremos
agradáveis!
4.
Contudo, algo não podemos deixar de considerar. É através da Palavra de Deus
que podemos vencer as forças do mal:
a)
1 Jo 2.14,
“Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu
vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já
vencestes o maligno”. Observe que os jovens destinatários da carta joanina
foram considerados “fortes”, porque a Palavra de Deus estava neles e o poder da
Palavra os tornara vencedores contra o maligno. A Palavra de Deus é a “Espada o
Espírito” - Ef 6.17, “Tomai
também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”
- e como espada ela é instrumento tanto de defesa, como de ataque. Às vezes
precisamos nos defender dos ataques traiçoeiros do diabo, que são muitos, mas
não raramente devemos investir contra seu reino, para arrancar os cativos de
lá. Isto só é possível pela ação da Palavra de Deus em nós.
b)
Ap 12.11,
“E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e
não amaram as suas vidas até à morte”. No versículo anterior (12), há
referência à expulsão de satanás do céu, onde agia como acusador dos irmãos
diante de Deus. A vitória contra ele foi concretizada graças ao “sangue do Cordeiro”,
e à “palavra do seu testemunho”, o que nos mostra a Palavra em ação no
destronamento das forças malignas. Se usarmos corretamente a Palavra de Deus
jamais seremos perdedores frente aos ataques do inimigo. Lembre-se que Jesus o
venceu na tentação do deserto usado a Palavra escrita. A cada investida do
maligno, Jesus respondia “está escrito” (Mt 4.1-11), quebrando com isso
seus argumentos diabólicos. Procedamos desta maneira e não seremos
envergonhados!
5. Sim, é a Palavra de Deus, usada corretamente
que nos defenderá contra as ciladas de nosso arqui-inimigo.
CONCLUSÃO:
1.
Certamente podíamos alistar muitas outras qualidades da Palavra de Deus! Porém
cremos que as que mencionamos aqui são suficientes para nos fazer entender o
valor da Palavra Divina quando aplicada em nossas vidas. Davi percebeu o grande
valor da Palavra, e por esta razão pode declarar com propriedade: “Lâmpada para
os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho”, Sl 119.105. Não
somente reconheceu que a Palavra é como “luz” para o viajante noturno, mas
também pôde dizer que os testemunhos do Senhor devem ser amplamente desejados –
“Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces
do que o mel e o licor dos favos”, Sl 19.10. Se o ouro é fonte de
riqueza material, a Palavra é a fonte de riqueza e poder espiritual; se é bom
provar manjares deliciosos, melhor é degustar a Palavra de Deus que fará bem
para a alma, Jr 15.16, “Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó SENHOR Deus dos Exércitos”.
2.
Foi o descobrimento deste poder inerente à Palavra de Deus que levou os
apóstolos de Cristo a entregar suas vidas ao serviço de Deus, sofrendo grandes
perdas materiais, inclusive muitos deles, o próprio martírio. Somente a
confiança na Palavra poderá nos levar a uma vida cristã permeada pelo poder de
Deus! Falando sobre a “Palavra da Cruz”, um sinônimo da Palavra de Deus, Paulo
nos mostra que enquanto esta palavra pode ser “loucura” para os infiéis e
incrédulos, para nós os filhos de Deus, ela se transforma em “poder”: “Porque a
palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos,
é o poder de Deus”, 1Co 1.18. Que Deus nos ilumine a gastar tempo com a
leitura e meditação da Palavra. Se assim o fizermos, poderemos desfrutar do
conselho transmitido pelo Senhor a Josué – “Não se aparte da tua boca o livro
desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer
conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu
caminho, e serás bem sucedido”, Js 1.8. O segredo da prosperidade é a
intimidade com a Palavra de Deus!