O PREÇO DO DISCIPULADO
Pr. José Antônio Corrêa
MT
10.32-39, “32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens,
também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; 33, mas aquele
que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está
nos céus.
34 Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim
trazer paz, mas espada. 35 Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai;
entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. 36 Assim, os inimigos do
homem serão os da sua própria casa. 37 Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que
a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não
é digno de mim; 38 e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de
mim. 39 Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha
causa achá-la-á”.
INTRODUÇÃO:
1.
Todo cristão verdadeiro, é um discípulo de Cristo. Quando Cristo deu a Grande
Comissão, Mt 28.19-20, era para que nós, seus seguidores fôssemos por
todo o mundo com a tarefa de fazer “discípulos... ensinando-os a guardar as
coisas que vos tenho mandado”.
3.
Quando Jesus chamou seus discípulos, os instrui claramente sobre o custo de
segui-lo. Pessoas de coração dúbio, que não estavam dispostas a
comprometerem-se com Ele, não o seguiam. Exemplo “O Moço Rico”.
4.
Nesta noite, vamos analisar o “Preço do Discipulado”, descrevendo suas
principais características.
I. PARA SER DISCÍPULO DE CRISTO, É PRECISO ESTAR DISPOSTO A CONFESSÁ-LO
DIANTE DOS HOMENS
VS. 32-33
“32
Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o
confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; 33 mas aquele que me negar
diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus”.
2.
Esta confissão pode ser feita de duas maneiras:
a)
Com os lábios, Rm 10.9, “Se, com a tua boca,
confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou
dentre os mortos, serás salvo”. Através do uso da fala, da
linguagem. Isso sé tem valor, se expressarmos os sentimentos do coração.
b)
Com o nosso testemunho, Tt 1.16, “No tocante a Deus, professam
conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis,
desobedientes e reprovados para toda boa obra”. Dependendo de
nosso procedimento no mundo, estaremos confessando, ou negando a Cristo.
3.
Esta confissão a Cristo, deve ser “diante dos homens”. Isto equivale a dizer
que a confissão é o meio pelo qual evangelizamos, pregamos a Palavra do Senhor.
Outros virão a Jesus através de nossa confissão. Rm 10.10, “Porque
com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da
salvação”. Se o coração crê de verdade, a boca estará ansiosa para
falar de Cristo, 1 Jo 1.1-2, “1 O que era desde o princípio, o
que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que
contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida 2 (e a
vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la
anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada)”.
4.
Esta confissão indica a nossa permanência em Deus e a permanência de Deus em
nós, 1 Jo 4.15, “Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece
nele, e ele, em Deus”. A confissão de coração, acerca de Jesus, como Filho de
Deus, confirma e evidencia a nossa comunhão mística com Deus.
5.
Esta confissão determinará a confissão que Cristo fará de nós no dia do Juízo
Final, “Eu o confessarei diante de meu Pai...”. Cristo certamente dirá: “Este
pertence a mim”. Ele confirmará sua lealdade para aqueles que foram leais para
com Ele. Porém, temos o outro lado da moeda, v. 33, “mas
aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai,
que está nos céus”. Aqueles que o negam, o rejeitam e dEle blasfemam,
certamente sofrerão a justa punição e ouvirão: “Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”,
Mt 25.41.
6.
confesse a Cristo diante dos homens!
II. PARA SER DISCÍPULO DE CRISTO, É PRECISO ESTABELECER CERTAS
PRIORIDADES
VS. 34-37
“34 Não
penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. 35 Pois vim
causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora
e sua sogra. 36 Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa. 37
Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu
filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim”.
2.
Passagem paralela de Lc 14.26, é ainda mais enfática (“Se alguém
vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e
irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”).
Para vir a Cristo e ser discípulo dEle, é preciso estar disposto, se preciso
for, a aborrecer pai, mãe, mulher, filhos, irmãos e ainda a própria vida. A
palavra “aborrecer”, significa no seu sentido literal, “odiar”, “detestar”. Eu
creio que Cristo não estava ensinando isto em seu sentido absoluto, mas usando,
isto sim, uma linguagem mais forte do que a nossa, para enfatizar o que dizia.
Jesus não iria contrariar a Palavra de Deus, que ensina:
a)
Honrar pai e mãe, Êx 20.12, “Honra teu pai e tua mãe, para que
se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”.
b)
Como maridos a amar nossas mulheres, Ef 5.25, “Maridos,
amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou
por ela”.
3.
Creio que o sentido da passagem está na frase: “E ainda a sua própria vida”,
Lc 14.26. Esta frase fala de fidelidade absoluta, acima dos laços
familiares e acima de nós mesmos. Vejamos alguns ensinos na Escritura sobre
este assunto:
a)
Somos ensinados a negar a nós mesmos, Mt 16.24, “Então,
disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
negue, tome a sua cruz e siga-me”.
b)
Somos ensinados a nos considerar mortos, Rm 6.11, “Assim
também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo
Jesus”.
c)
Somos ensinados a nos despojarmos do velho homem com seus feitos,
Ef 4.22, “no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho
homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano”.
d)
Somos ensinados a tratar nosso egocentrismo com o maior desprezo,
1Co 9.27, “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo
pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.
4.
Porque Cristo usa uma linguagem tão pesada? Porque se utiliza de exigências tão
ofensivas? Porque Ele deseja espantar para longe aqueles que não querem se comprometer?
Ele deseja atrair para si os verdadeiros discípulos. Ele não quer que pessoas
de coração dúbio sejam enganadas, pensando que fazem parte do Reino de Deus.
III. PARA SER DISCÍPULO DE CRISTO, É PRECISO ESTAR DISPOSTO A CARREGAR
A CRUZ
V. 38
“Quem
acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa
achá-la-á”.
1.
Tomar a cruz, implica em perder a própria vida. Significa estar disposto a
morrer. Da mesma maneira que Cristo seria fiel a Deus, a ponto de morrer, e foi
preciso que Ele de fato morresse, seus discípulos, também precisam estar
dispostos a morrer, se necessário for.
2.
O suplício da cruz era um dos meios romanos de pena de morte, e era usado para
executar os piores criminosos. Por esta razão, a cruz tornou-se símbolo de
sofrimento horrível e vergonhoso:
a)
Para muitos nos dias de Paulo a palavra da cruz era loucura,
1Co 1.18, “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas
para nós, que somos salvos, poder de Deus”.
b)
Para o escritor da Carta aos Hebreus, ao ir para a cruz, Cristo foi exposto a
mais terrível vergonha, Hb 12.2, “olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria
que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus”.
a)
v. 38, “Quem não toma a cruz, não é digno de mim”,
b)
Lc 14.27, “Quem não toma a cruz, não pode ser meu discípulo”.
4.
Jesus não está ensinando neste texto a salvação pelo martírio, v. 39 (“...quem,
todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á”), mas estava se
referindo a um estilo, um padrão. Estava afirmando que os verdadeiros
discípulos, não recuam, nem mesmo diante da morte. O verdadeiro discípulo,
procura seguir a Cristo, ainda que isto lhe custe a própria vida. Vejamos
alguns exemplos de discípulos que viveram situações de martírio por amor a
Jesus:
a)
Os discípulos diante dos membros do sinédrio, At 4.18-21, “18
Chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem em o
nome de Jesus. 19 Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante
de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; 20 pois nós não podemos
deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. 21 Depois, ameaçando-os mais
ainda, os soltaram, não tendo achado como os castigar, por causa do povo,
porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera”.
b)
Estevão diante de seus algozes, At 7.59-60, “59 E
apedrejavam Estevão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!
60 Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este
pecado! Com estas palavras, adormeceu”.
c)
Tiago e Pedro diante de Herodes, At 12.1-4, “1 Por aquele tempo, mandou
o rei Herodes prender alguns da igreja para maltratá-los, 2 fazendo passar a
fio de espada a Tiago, irmão de João. 3 Vendo ser isto agradável aos judeus,
prosseguiu, prendendo também a Pedro. E eram os dias dos pães asmos. 4 Tendo-o
feito prender, lançou-o no cárcere, entregando-o a quatro escoltas de quatro
soldados cada uma, para o guardarem, tencionando apresentá-lo ao povo depois da
Páscoa”.
d)
Paulo antevendo seu sacrifício, 2Tm 4.6-8, “6 Quanto
a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é
chegado. 7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. 8 Já
agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará
naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda”.
5.
Para ser discípulo de Cristo, é preciso estar disposto a sofrer as maiores
afrontas e morrer se preciso for pelo seu nome.
CONCLUSÃO
1.
O preço do discipulado é alto. Todos os que quiserem seguir a Cristo, terão que
estar dispostos a pagar o preço, caso contrário, jamais serão verdadeiros
discípulos. Não há lugar no Reino de Deus, para aqueles que não assumem um
compromisso de confessar Cristo diante dos homens, que não renunciam tudo
quanto tem, e que não estejam dispostos, se preciso for, a morrer pelo amor a
Cristo.
2.
Lembre-se do que Paulo escreveu a Timóteo, 2Tm 4.6-8, “6 Quanto
a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é
chegado. 7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. 8 Já
agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará
naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda”.