Autoria
Desconhecida
Pr. José
Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO
O
capítulo 5 da epístola aos Efésios é, na verdade, uma continuação do capítulo
4, que trata da conduta do crente no mundo. Neste edificante capítulo a Bíblia
Sagrada relaciona o modus vivendi do crente com a pessoa de Deus e sua
santidade.
I.
IMITADORES DE DEUS
1. Imitando a Deus como filhos amados (v. 1). A tradução literal
de “imitadores” no original do Novo Testamento é “ser cópia”, “copiar”, “imitar
alguém”, “ser como alguém”. Neste mesmo versículo duas coisas se destacam: a
paternidade de Deus, e sermos a sua filiação. A Palavra declara aqui que somos
“filhos amados” de Deus, indicando a mais profunda relação familiar. Pelo
milagre do novo nascimento, o Espírito Santo nos coloca dentro da família de
Deus como filhos amados. O amor demonstrado pelo Pai nos inspira e deve ser a
razão de nossa imitação. Ele nos amou com amor abnegado e nós devemos imitar
esse amor (Jo 3.16;
Rm 5.8).
2. Imitando o amor de Cristo (v. 2). Temos aqui mais um
imperativo divino para os seus: “Andai em amor”. Esse imperativo deve motivar
nossa regra de vida. Se não fosse o amor de Cristo, o que seria de nós? Seu
amor nos conquistou e possibilitou o perdão de nossos pecados. “E se entregou a
si mesmo por nós” é a expressão máxima do amor divino.
3. Repelindo as práticas carnais (vs. 3-5). Paulo lembra
algumas práticas carnais do velho homem como prostituição, impurezas, cobiça,
torpezas, parvoíces, chocarrices. São práticas indignas e alheias ao “novo
homem”. Todas duramente condenadas na Bíblia. Um crente que ama ao Senhor Jesus
foge dessas paixões e procura viver vitoriosamente assistido pelo Espírito
Santo (Rm 8.13;
Gl 5.16-17).
II.
ATITUDES CRISTÃS CORRETAS
1. Ações de graças (v.4). Sempre devemos ser
agradecidos a Deus por suas bênçãos. A nossa salvação é razão suficiente para
sermos sempre agradecidos a Deus. O testemunho da nossa fé perante o mundo pode
ser expresso em “ações de graças”.
2. Consciência de perigo e do juízo (vs. 5,
6).
Somos aqui exortados de que a salvação implica nossa fidelidade a Deus. A
Bíblia fala aqui dos perigos que ameaçam a nossa fé e, por isso, devemos ter
todo o cuidado possível com aqueles pecados, porque nada impedirá o juízo de
Deus sobre os que praticam tais pecados. A ira de Deus significa, aqui, a
reação natural e automática de sua santidade contra o pecado (v.6).
3. Andar como filhos da luz (vs. 8-14). Há um enorme
contraste entre os que vivem em trevas e os que vivem na luz. Quem vive na
incredulidade é “filho da desobediência” (v.6); quem segue a Jesus é “filho da
luz” (v.8). Os que andam na luz conhecem os perigos porque podem ver com olhos
espirituais as ameaças.
4. Agindo como sábios (vs. 15-17). Cautela e prudência
são qualidades indispensáveis na vida cotidiana do crente. Na sabedoria
espiritual está a capacidade que o Espírito dá ao crente para perceber coisas
que o ímpio não consegue ver nem sentir. O versículo 15 diz: “não como
néscios”, isto é, agir com sensatez e responsabilidade. O versículo 16 diz que
devemos “remir o tempo”, ou seja, devemos administrá-lo com sabedoria,
aproveitando o máximo dele.
5. Procurar conhecer a vontade de Deus (v.
17).
O grande problema de muitos crentes em relação à vontade de Deus é que eles têm
conceitos errados acerca dela. Deus não é determinista ou fatalista, no sentido
de que sua vontade tem de acontecer custe o que custar, não importando o modo
como ela se cumpre. Deus, de várias maneiras, faz-nos conhecer a sua vontade,
mas por nosso livre-arbítrio é possível evitá-la ou não cumpri-la.
III.
ENCHENDO-SE DO ESPÍRITO SANTO
Numa linguagem figurada a Bíblia mostra que o
crente deve encher-se de Deus na sua vida. Trata-se de um contraste entre a
embriaguez com “vinho” e o “encher-se do Espírito”. Na velha vida, a embriaguez
é típica de pessoas tristes, vazias, amarguradas. As coisas desse mundo apenas
embriagam e produzem mal-estar. A vida cristã tem outra forma de superar as
dificuldades, que é o “encher-se do Espírito”. A palavra “contenda”, aqui,
abrange a ideia de licenciosidade e desenfreio.
1. Por que encher-se do Espírito? (v. 18). O Espírito é o dom
supremo de Deus à Igreja. Todos os outros dons são ministrados através dEle. O
Espírito é que dá vida ao corpo de Cristo. Sem Ele não há vida. Uma vez cheia
do Espírito a vida cristã se torna plena e o crente é habilitado a viver
vitoriosamente. Se o encher-se de vinho conduz o homem ao deboche e à
degeneração, o encher-se do Espírito conduz o crente a ter uma vida vitoriosa (2Co 3.18).
2. As manifestações do Espírito no crente (v.
19).
A plenitude do Espírito na vida do crente o torna criativo, porque a presença
do Espírito nele produz o que está no v. 19: “falando entre vós em
salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no
vosso coração”. O versículo 19 fala de três tipos de louvor e adoração
que resultam duma vida cheia do Espírito Santo. O primeiro tipo
fala de salmos, referindo-se aos salmos de Davi, Asafe, Moisés, que contêm
expressões proféticas acerca do Messias, etc. A palavra salmos aparece no grego
com o sentido de cânticos acompanhados por harpa ou outro instrumento musical. O
segundo tipo fala de hinos que eram cânticos de louvor a Deus, mas
entoados espontaneamente, vindos do coração. O terceiro tipo de louvor
era com “cânticos espirituais”. Esse tipo tem sido interpretado de duas
maneiras. Alguns acham que são aqueles cânticos poéticos regulares, previamente
preparados para o louvor. Outros interpretam como sendo os cânticos produzidos no
interior do espírito do crente cheio do Espírito Santo. “(...) Esses ‘cânticos
espirituais’ são os cânticos do nosso espírito interior louvando
espontaneamente ao Senhor, sem a interferência da inteligência, mas
estritamente produzidos pelo Espírito Santo e ensinados ao espírito interior do
crente.” (Carta aos Efésios, CPAD)
Percebe-se, aqui, que a música realmente
sacra tem uma relação muito estrita com Deus. Esses “cânticos espirituais”
precisam ser reativados e renovados na vida devocional da igreja local. O
Espírito habilita o crente a este tipo de manifestação espiritual que edifica e
fortalece a fé da Igreja.
3. Resultados da plenitude do Espírito (vs.
20, 21).
Quando somos cheios do Espírito desenvolvemos um “espírito de ações de graças”.
Ela é uma forma de demonstrar o nosso gozo espiritual. Quando estamos cheios do
Espírito não temos dificuldades para sujeitarmos-nos “uns aos outros no temor
de Deus”. Uma pessoa carnal não se sujeita, mas quem está cheio do Espírito tem
prazer em assim fazer, inclusive no sentido de contribuir, ajudar e consolar.
CONCLUSÃO
Busquemos estar cheios do Espírito, vivendo e
andando nEle. Assim, estaremos experimentando a plenitude espiritual desejada
por Deus para todos os crentes.