O DEUS QUE
TUDO VÊ
DN 5
INTRODUÇÃO:
1. Este é um dos capítulos da Palavra de Deus
que mais tem sofrido ataques dos críticos, pois de acordo com os escritos
descobertos pelos arqueólogos envolvendo aquela época, o rei da Babilônia
naquele período chamava-se Nabonito e não Belsazar. E a pergunta dos críticos
se resume em: como aceitar a história bíblica que traz o nome Belsazar e não
Nabonito?
2. Porém há alguns anos atrás, a Arqueologia
rompeu o mistério e viu-se de fato que houve um co-regente, que aqui recebeu o
nome de Rei. Nesta descoberta arqueológica, o nome de Belsazar aparece em
muitos tabletes cuneiformes, que são documentos do registro histórico daquele
tempo.
3. Nabonito teria ido para Susa, que era a
capital de veraneio dos monarcas e entregue seu reinado, e conseqüentemente os
negócios do Estado a seu filho, Belsazar. Ora, se havia alguém que cuidava dos
negócios reais e governava, é natural que se lhe aplicasse o nome de Rei.
4. Não é de se admirar que Nabonito tivesse
delegado poderes ao seu filho, porque tal costume era muito comum entre muitos
povos antigos. Há alguns exemplos deste tipo de prática na antiguidade:
a) Assuero, rei da Média, tinha como
companheiro de governo um sobrinho que recebia poderes administrativos.
Sempre que o Rei ausentava-se do trono, ele assumia.
b) Totmés I, no Egito, associou sua
filha Hapshepsut ao governo, enquanto ele fazia guerra aos hititas e
mitânios, no Oriente próximo e foi nesta capacidade de governo que ela pode
adotar o menino Moisés como filho.
5. O que se nota é que quando algum problema
está relacionado com a Bíblia, este problema recebe um tratamento mais duro,
mais exigente. Isto é natural, pois Satanás não cessa de batalhar para tentar
destruir a Palavra de Deus, e conseqüentemente sua obra na terra.
6. Deixando de lado estas questões históricas
e arqueológicas, nesta noite, queremos ver “alguns
pontos dentro do texto lido, procurando aplicar as verdades neles contidas em
nossa vida diária como filhos de Deus”:
I
- A PROCLAMAÇÃO DO BANQUETE E A PROFANAÇÃO DAS COISAS SAGRADAS
1. Vs. 1, “O rei
Belsazar deu um grande banquete a
mil dos seus grandes, e bebeu vinho na presença dos
mil”.
2. Foi uma festa em grandes proporções e
preparada para mil nobres. O Rei se regalou na presença de todos. Este tipo de
festa era muito comum nos palácios, conforme vemos no livro de Ester, quando o
Rei Assuero proclamou uma festa de cento e oitenta dias, Et 1.2-4., “1 Sucedeu
nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a
Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias, 2 que,
estando o rei Assuero assentado
no trono do seu reino em Susã, a capital, 3 no
terceiro ano de seu reinado, deu
um banquete a todos os seus príncipes
e seus servos, estando assim perante ele o poder da
Pérsia e da Média, os nobres e os oficiais das províncias. 4 Nessa
ocasião ostentou as riquezas do seu glorioso reino, e o esplendor da sua excelente
grandeza, por muitos dias, a
saber, cento e oitenta dias”.
3. O Rei Belsazar, não se contendo apenas com
o banquete e talvez para ostentar sua vaidade, mandou trazer os vasos sagrados
de ouro e de prata que seu pai-avô, Nabucodonozor tinha trazido quando conquistara
Jerusalém, para que bebessem nele o Rei, todos os seus convidados, inclusive
suas mulheres e concubinas, Vs. 2-3, “2 Havendo Belsazar provado o vinho, mandou
trazer os vasos de ouro e de prata que Nabucodonozor, seu pai, tinha
tirado do templo que estava em Jerusalém, para que
bebessem por eles o rei, e os seus
grandes, as suas mulheres e concubinas. 3 Então trouxeram os vasos de ouro que foram
tirados do templo da casa de Deus, que
estava em Jerusalém, e beberam por eles o
rei, os seus grandes, as suas mulheres e concubinas”.
4. Esta orgia chegava ao seu pior momento:
Profanar aquilo que é santo. Podemos ver na Palavra, um grande zelo de Deus nas
coisas que são consagradas por Ele:
a) O ato de consagração, Lv
8.10-12, “10 Então Moisés, tomando
o óleo da unção, ungiu o tabernáculo e tudo o que nele havia, e os santificou; 11
e dele espargiu sete vezes sobre o
altar, e ungiu o altar e todos os
seus utensílios, como também a
pia e a
sua base, para santificá-los. 12 Em seguida derramou do óleo da unção sobre a
cabeça de Arão, e ungiu-o, para santificá-lo”. A consagração tinha como
principal objetivo separar os objetos consagrados para serem usados somente no
serviço de Deus. Podemos destacar duas coisas importantes relacionadas às coisas
consagradas:
- Os filhos de Deus deveriam conhecer a
diferença entre o Santo e o Profano, Lv 10.8-10, “8 Falou também o Senhor a Arão, dizendo: 9 Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu
nem teus filhos contigo, quando
entrardes na tenda da
revelação, para que
não morrais; estatuto perpétuo será isso pelas vossas gerações, 10 não somente para fazer separação entre o
santo e o profano, e entre o imundo e o
limpo”. Santo era tudo o que pertencia ao Senhor, tudo o que era consagrado
para seu serviço; imundo era o que não pertencia ao Senhor, as coisas
relacionadas ao mundo.
- Os filhos de Deus deveriam saber que a
profanação do que é Santo sempre vem acompanhada da punição de Deus, Ez
22.26, 31, “26 Os seus
sacerdotes violentam a minha lei,
e profanam as minhas coisas santas; não fazem diferença
entre o santo e o profano, nem ensinam a discernir entre o impuro e o puro;
e de meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou
profanado no meio deles. 31
Por isso eu derramei sobre eles a
minha indignação; com o fogo
do meu furor os consumi; fiz que
o seu caminho lhes recaísse sobre a cabeça, diz o Senhor Deus”.
5. Jesus nos advertiu sobre o fato de que não
devemos profanar o que Santo, Mt 7.6, “6 Não deis aos cães o que é santo, nem
lanceis aos porcos as vossas pérolas,
para não acontecer
que as calquem
aos pés e, voltando-se, vos despedacem”.
a) É provável que Jesus aqui esteja se
referindo a uma prática que poderia ser comum, onde o sacerdote atirava aos
cães, pedaços de carne sacrificada, retirados do altar do Senhor. Na questão
das pérolas, talvez Jesus se refira a um homem muito rico que enchia suas mãos
de pequenas pérolas e as atirava, juntamente com o milho à sua manada de
porcos. Tanto cães como porcos eram considerados animais imundos pelos judeus.
b) A advertência de Jesus aqui é no sentido
de vida espiritual. Devemos levar uma vida cristã que saiba muito bem a
diferença entre as coisas sagradas e as coisas imundas. O filho de Deus deve
fazer diferença no mundo em que vive. Devemos ser o sal da terra e a luz do
mundo e não objetos de contaminação, de corrupção à nossa volta.
6. Como podemos profanar o que é Santo:
a) Exemplo do sábado, Ex 20.8-11, “8 Lembra-te do dia do sábado, para o
santificar. 9 Seis dias
trabalharás, e farás todo o teu trabalho; 10 mas o
sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse
dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem
o teu servo, nem a tua serva, nem o teu
animal, nem o estrangeiro que está
dentro das tuas portas. 11 Porque
em seis dias fez o Senhor o céu e a
terra, o mar e tudo
o que neles há, e ao sétimo dia
descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o
santificou”.
b. Casa de Deus. Comportamento
indecente na Casa de Deus. Vestuários, irreverência. Mórmons - chinelos.
7. Não somente o rei profanou as coisas
santas que foram trazidas do Templo de Deus, por seu pai Nabucodonozor, mas
estas mesmas “coisas santas”, foram usadas para cultuar através daquelas
festividades, os “deuses pagãos”, Vs. 4 “...deram louvores aos
deuses de ouro e de prata, de bronze, de
ferro, de madeira, e de pedra”. Misturar as coisas de Deus com as coisas deste
mundo e com a idolatria, é um ato tremendo de rebelião contra Ele.
1. Vs. 5, “Na mesma
hora apareceram uns dedos de mão de homem,
e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do
palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo”.
3. Um pavor tomou conta de todos, mas
principalmente do Rei, Vs. 6, “Mudou-se, então, o semblante do rei, e os
seus pensamentos o perturbaram; as juntas
dos seus lombos se
relaxaram, e os
seus joelhos batiam um no outro”. O rei sabia que algo muito sério
estava acontecendo e que escapava ao seu domínio.
4. Diante disto, ele fez uma convocação para
que fossem introduzidos em sua presença os astrólogos, adivinhadores, etc.,
para interpretarem a escrita, mas estes não conseguiram, o que causou ainda
maior tristeza ao Rei, Vs. 7-9, “7 E ordenou
o rei em alta voz,
que se introduzissem
os encantadores, os caldeus e os
adivinhadores; e falou o rei, e disse
aos sábios de
Babilônia: Qualquer que ler esta
escritura, e me declarar a sua
interpretação, será vestido de púrpura, e
trará uma cadeia de ouro ao
pescoço, e no reino será o terceiro governante. 8 Então entraram todos os sábios do rei; mas
não puderam ler o escrito, nem fazer saber ao rei a sua interpretação. 9 Nisto ficou o rei Belsazar muito perturbado, e
se lhe mudou o semblante; e os seus
grandes estavam perplexos”.
6. Depois da apresentação, Daniel recusou os
presentes do Rei, e passou a interpretação, Vs. 17, “Então respondeu
Daniel, e disse na presença do rei: Os
teus presentes fiquem contigo, e
dá os teus prêmios a outro; todavia vou
ler ao rei o escrito, e lhe farei saber a interpretação”.
a) Ele fez uma avaliação do Reinado de
Nabucodonozor, e a grandeza que havia sido o Reino dele, mas que pelo seu
orgulho, Deus o reduzira a um animal, Vs. 18-21, “18 O
Altíssimo Deus, ó rei, deu a
Nabucodonozor, teu pai, o reino e a grandeza, glória e majestade;
19 e por causa da grandeza que lhe
deu, todos os povos, nações, e línguas
tremiam e temiam diante dele; a quem queria
matava, e a quem
queria conservava em
vida; a quem queria exaltava, e a
quem queria abatia. 20
Mas quando o seu coração se elevou, e o seu
espírito se endureceu para se haver arrogantemente, foi derrubado
do seu
trono real, e passou dele a sua glória. 21
E foi expulso do meio dos filhos dos homens, e o seu coração foi feito
semelhante aos dos animais, e a
sua morada foi com os
jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu
foi molhado o seu corpo, até que conheceu que o
Altíssimo Deus tem domínio sobre
o reino dos homens, e a quem quer constitui sobre ele”.
b) Advertiu ao Rei, dizendo que ele mesmo
conhecia o que Deus havia feito a Nabucodonozor, que não havia se humilhado ao
Deu Eterno, Vs. 22-23, “22
E tu, Belsazar,
que és seu filho, não humilhaste o teu
coração, ainda que soubeste tudo isso; 23 porém
te elevaste contra
o Senhor do céu;
pois foram trazidos a tua
presença os vasos da casa dele, e tu, os teus grandes, as tua
mulheres e as tuas concubinas, bebestes
vinho neles; além disso,
deste louvores aos deuses de
prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não
vêem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, e de quem
são todos os
teus caminhos, a ele não glorificaste”.
c) Esta era a razão da escrita, Vs. 24,
“Então dele foi enviada aquela parte da mão que
traçou o escrito”.
7. Deus coloca no pó os orgulhosos, Lc
18.14, “Digo-vos que este
desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o
que a si mesmo se exaltar será
humilhado; mas o que a si mesmo
se humilhar será exaltado”.
2. Interpretação. Numerado, pesado, dividido:
a) Mene, Vs. 26, “Esta é a
interpretação daquilo: MENE: Contou
Deus o teu reino, e o acabou”. O reino foi
“contado”. Deus já tinha contado os dias do Reinado de Belsazar e pretendia
acabar com ele.
b) Tequel, Vs. 27, “TEQUEL: Pesado
foste na balança, e foste achado em falta”. Suas obras foram “pesadas na
balança”. Crença dos egípcios. Osiris pesava as obras de todos os mortos
numa balança literal. Os babilônicos tinham a mesma prática. A expressão “foste
achado em falta”, indica leviandade diante de Deus, que pesa todas nossas
ações.
b.1. 1 Sm 2.3, “Não faleis mais
palavras tão altivas, nem saia da vossa boca a
arrogância; porque o Senhor é o Deus da sabedoria, e por ele
são pesadas as ações”.
b.2. 1 Pe 1.17, “E, se invocais por
Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um,
andai em temor durante o tempo
da vossa peregrinação”.
c) Peres, Vs. 28 “PERES: Dividido
está o teu reino, e entregue aos
medos e persas”. Seu reino seria “dividido”,
“Quebrado em pedaços”. O Reino de Belsazar estava para ser dividido entre
os Medos e os Persas, que já se encontravam às portas da Babilônia.
1. Vs. 30-31, “30 Naquela mesma noite Belsazar, o rei dos
caldeus, foi morto. 31 E Dario, o
medo, recebeu o reino, tendo cerca de sessenta
e dois anos de idade”.
2. Deus cumpre a sua Palavra,
independentemente das circunstâncias. No nosso caso em particular, o
cumprimento da Palavra foi quase instantâneo: “Naquela mesma noite...”. Isto
nos mostra que Deus não se deixa escarnecer pelo homem, Gl 6.7, “Não vos
enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isto
também ceifará”. Seu Julgamento é iminente.
CONCLUSÃO:
1. Devemos ter o cuidado de não profanar
aquilo que é santo.
2. O orgulho é destruído por Deus.
3. O julgamento é certo.