INTRODUÇÃO A MISSÕES

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

I - A BÍBLIA E MISSÕES

A Bíblia é um livro Missionário, sem a Bíblia, a evangelização do mundo seria não apenas impossível, mas também inconcebível. A Bíblia coloca sobre nós a responsabilidade de evangelizar o mundo, dá-nos um evangelho a proclamar, diz-nos como faze-lo e declara-se o poder de Deus para a salvação de cada crente.

Sempre que os cristãos perdem a sua confiança na Bíblia, eles também perdem o seu zelo pelo evangelismo. Inversamente, sempre que estão convictos sobre a Bíblia, estão determinados sobre o evangelismo.

 

II- MISSÕES NO VELHO TESTAMENTO

Todas as nações tem sua origem na mão criadora de Deus e estão sob o seu olhar vigilante. As nações não são meras pecas decorativas que estão no cenário da História, Deus e o Homem. A obra e atividade de Deus apontam para a Humanidade como um todo. Esta é uma das verdades fundamentais de Gn 1-11, que é o registro do inicio da História a Apocalipse se mostra um livro Missionário e mais, que o próprio criador é um Deus Missionário o mandato cultural de Deus ao Homem Gn 1:26,27. A raça humana é uma unidade: Criada por Deus de um só casal. Gn 2:18 - A separação do Homem de Deus: Resultado do pecado de Adão, passou a todos os descendentes Gn 3:24 comparar com Rm 5:12.

A Bíblia é livro missionário. A prova disto não consiste numa lista de referências escolhidas, mas no desenho e espírito da Bíblia inteira. A mensagem dela, desde os primeiros capítulo, é missionária.

1. Há um só Deus, justo e compassivo, para toda a raça humana, Is 45:5,6.

2. A raça humana é uma unidade criada por Deus de um só casal.

3. A separação de Deus e resultado do pecado de Adão, passou a todos os descendentes, Gn 3:24 - comparar Rm 5:12.

4. Deus é Juiz de toda a terra, Gn 18:25, 1Sm 2:10

5. Deus destruiu o grande inimigo, tornando a salvação acessível a todos os descendentes de Eva, Gn 3:15,

6. Desde Caim somos responsáveis por nossos irmãos, Gn 4:9, Pv 24:11,12, Ez 3:18,

7. Desde cedo na História humana, é previsto que toda a terra se encherá da gloria do Senhor, Nm 14:21

Depois do dilúvio e da torre de Babel, Deus planejou usar uma nação abençoar todas as famílias da terra Gn 12:1-3. Conforme este plano, o povo de Israel deveria ensinar as nações, perdidas no culto a muitos deuses falsos e no abismo do pecado, que:

1. Há um só Deus, Is 43:9-13.

2 Sua lei é santa, Êx 19:5,6 com Êx 20:3-17.

3. Este Deus é Salvador, Is 43:11 ,45:22

Israel devia, também demonstrar através da sua vida nacional, o poder e amor de Deus para com aqueles que o seguem, atraindo assim todas as outras nações a Ele e à sua salvação, 1Rs 8:41-43; Sl 67:1,2.

Israel falhou. Os profetas, todavia, previram o tempo quando todas as nações serão atraídas a Jerusalém pela glória de Deus, Mq 4:1-3 Is 11:9,10, 56:6,7. No entanto Deus escolheu outro tipo de instrumento ,a Igreja - para tornar conhecida a sua benção salvadora a todos os povos. Ela é um instrumento novo com um novo modo de agir. Podemos dizer que a palavra chave do velho testamento é VINDE, ao passo que a palavra à Igreja no novo testamento é IDE. A ordem de Israel é VINDE, a ordem para a Igreja é IDE.

 

III- MISSÕES NO NOVO TESTAMENTO

O ponto central de toda a Bíblia é a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Intimamente ligada a estes fatos está a ordem missionária, repetida cinco vezes Mt 28:18-20, Mc 16:15, Lc 24:47-48, Jo 20:21, At 1:8, e dirigida àqueles que, logo depois, haveriam de ser os primeiros membros da nova entidade que seria o corpo de Cristo na terra, a saber, a Igreja.

Nas várias ocorrências desta ordem de Cristo, vemos que Ele nos ordena: 1) como devemos ir 2) o quê fazer 3) onde 4) com que alcance.

1. A maneira de ir é:

a. no espírito de Cristo Jo 20:21

b. com sua autoridade Mt 28

c. no poder do Espírito Santo At 1.8

2. O que devemos fazer é:

a. testemunhar, At 1:8

b. pregar, Mc 16.15ses.

c. discipular, ensinar e batizar, Mt 28

3. O lugar do nosso trabalho:

a. parte do lugar onde estamos

b. vai através de barreiras de cultura, preconceitos e distâncias, At 1.8

4. O alcance da obra inclui

a. toda a criatura

b. em todo o mundo c)entre todas as nações, ou melhor, todos os povos

c. geo político, língua, cultura, e raça.

O espírito desta ordem enche o livro de Atos e as epístolas. O resultando disso foi um número sempre crescente de novos convertidos e de igrejas locais. De fato, as epístolas são cartas escritas por missionários a igrejas por eles fundadas, cartas estas que foram circulando por muitas outras igrejas até serem incluídas no Novo Testamento, e assim chegaram até nós. Temos a Bíblia por causa dos primeiros missionários.

Temos como exemplo do efeito da ordem de Cristo nas epístolas e na vida das igrejas primitivas:

1. Paulo exorta os filipenses a serem luzeiros, mesmo no ambiente carregado onde viviam, Fp 2:14-16.

2. Ele elogia duas igrejas pela divulgação da sua fé em toda parte, Rm 1:8, 1Ts 1:8.

3. Os filipenses ajudavam no sustento de Paulo e, aparentemente, mantinham Epafrodito como missionário, Fp 4:10,15, 2Co 11:9, Fp 2:25.

4. Paulo fala da necessidade que ele sente de evangelizar em toda parte 1Co 9:16,l7, 2Co 5:l4,l5. At 28:28 Rm 15:20,21.

5. Ele sempre levava consigo um grupo de evangelistas, entre os quais havia um bom número de leigos, trabalhando em equipe em vários centros. At 19:29, 20:4, Rm 16:7,12, Fp 4:3 2Tm 4:6,18.

O Apocalipse, escrito por um missionário no exílio, mostra-nos o fim triunfante do programa missionário de Deus, Ap 7:9, ll:15.

 

IV- UM ESTUDO DA ORDEM MISSIONÁRIA

É importante notar três coisas que Jesus não disse na ordem missionária;

1. Não disse que todo o mundo seria salvo. Mt 7:13-14, Mc 16:16. Afirmou que seus representantes seriam odiados e perseguidos, Jo 15:18,20, mas que as portas do inferno não prevaleceriam contra sua igreja na expansão ao redor do mundo (A figura é das milícias da igreja levando a guerra espiritual até as regiões onde o inferno abre sua boca na terra) Mt 16:18.

2. Não disse também que devemos evangelizar um lugar até a conversão da maioria do povo do local antes de enviar missionários a outros lugares At 1:8 não diz para terminar primeiro o trabalho em Jerusalém para depois ir à Judéia, etc.: mas manda testemunhar tanto em Jerusalém como em toda Judéia, etc.

3. A ordem não diz, também, que abramos escolas e hospitais, ou que lutemos contra corrupção nos governos e opressão dos. A educação e a medicina tem servido como meios, abrindo portas para a evangelização. Todas estas ações desejáveis têm sido praticadas por indivíduos convertidos quando a igreja mantinha a centralidade da pregação e discipulado, como Cristo mandou.

Mt 28:18-20 é importante porque os verbos discipular, ensinar, e batizar implicam na organização de igrejas locais, como era o costume de todos os discípulos em Atos e depois. Desde fato concluímos que os métodos de evangelização que levam a muitas profissões de fé sem arrebanhar os novos convertidos em congregação fazem um trabalho muito incompleto.

Surge, então, uma pergunta. Quando podemos dizer que um lugar está evangelizado? terá o simples anúncio uma só vez do evangelho por homens religiosos desconhecidos, que falam com pesado sotaque de estrangeiros? A evangelização tem duas partes, a pregação ou divulgação da mensagem, e discipulado.

Na parte da precação, temos de anunciar a mensagem, em linguagem compreensível, andando de lugar em lugar na região toda, a fim de alcançar o maior número de pessoas possível.

No discipulado, temos de dar atenção especial àqueles que mostram interesse, até que alguns destes manifestem sua fé pelo batismo e comecem a guardar todas as coisas ordenadas por Jesus. Se estes novos convertidos, na sua igreja local, são bem instruídos e cheios do Espírito Santo, eles com entusiasmo, se encarregarão da evangelização do resto da sua área, e os missionários prosseguirão para outra parte. Quando em determinado lugar, existe uma igreja com força para evangelizar e discipular, o trabalho missionário já terminou. A fase de evangelização continua.

At 1:8 acrescente outra consideração muito importante. Jerusalém e Judéia constituem uma região culturalmente homogênea, de sorte que os recém convertido iam testemunhar da sua nova fé a todos os vizinhos e parentes, fazendo uma reação em cadeia por toda a Judéia.

Mas Jesus sabia que o novo movimento havia de esbarrar num obstáculo muito grande quando chegasse às fronteiras de Samaria, havia entre Judéia e Samaria algumas diferenças de cultura e religião, mas o mais difícil era uma barreira de preconceitos tão grande que não existiam relações sociais através dela. As vias normais de evangelização por vizinhos e parentes não existiam entre as duas regiões. Era necessário outro tipo de evangelização, feito por homens preparados para vencer os preconceitos que sentiam contra os samaritanos e os que os samaritanos sentiam contra eles. Deus usou a perseguição da igreja em Jerusalém para forçar a igreja a lembrar dos campos mais distantes (cuidemos para que Ele não tenha de mandar perseguição para que nossas igrejas se lembrem de outras partes do mundo). No fim. um homem muito sensível à direção do Espirito Santos foi escolhido para começar este tipo especial de evangelização At 8:1,4,5.

 

1- EVANGELIZAÇÃO E MISSÕES

A meta final de todo missionário, bem como, a meta final de todo crente fiel, é a evangelização.

Por isso é impossível fazer distinção completa entre a evangelização feita diretamente pela igreja local através de todos os seus membros e a evangelização mais especializada, feita por aqueles que a igreja envia para trabalhar com povos além do alcance direto da igreja local.

Uma anotação vem sendo usada nestes tempos para expressar três tipos de evangelização:

E.1- Evangelização de vizinhos, parentes e outros da mesma cultura e região.

E.2- Evangelização através de barreiras de cultura.

E.3- Evangelização através de barreiras de cultura e barreiras geográficas ou fronteiras nacionais.

Nesta matéria, o povo na situação E.1- é considerado a responsabilidade direta da igreja local, ao passo que as pessoas de E.2- ou E.3- são consideradas como campo missionário. Quase sempre a evangelização missionária exige preparo especializado por parte do missionário. Na maioria dos casos exige, também, trabalho em equipe com vários membros especializados.

 

V. A CONDIÇÃO ETERNA DAQUELES QUE MORREM SEM OUVIR DE CRISTO

Neste assunto nossos sentimentos tendem a formar nossa doutrina. É muito importante saber e seguir o ensino claro da Bíblia, ainda que não o compreendamos totalmente, confiantes de que Deus agirá em perfeita justiça e misericórdia.

Há muitos que dizem: "Deus é justo e não condenará aqueles que nunca ouviram de Cristo no caso de que eles façam o melhor possível com as luzes que têm, ou que procurem, mesmo como que tateando, o verdadeiro Deus". Mas onde na Bíblia existe a sugestão de que homem algum já tentou fazer o melhor possível ou procurar a Deus?

É verdade que nossa mente foge do pensamento da condenação eterna de milhões que nunca ouviram de Cristo. Mas o nosso pensamento humano também foge de qualquer pensamento do inferno e a perdição eterna de alma sem Cristo. Há verdades profundas e até incompreensível na natureza de Deus, reveladas na Bíblia. Mesmo assim a aceitamos como nossa única fonte de conhecimento seguro sobre Deus e sua maneira de tratar com o seu povo.

 

OS PONTOS BÁSICOS DO ENSINO BÍBLICO SOBRE ESTE ASSUNTO SÃO:

1. O Senhor Deus não inocenta o culpado, Êx 34:6,7. Este fato não tira a mínima parcela do atributo de amor perfeito de Deus. Mas sendo amor perfeito, e ao mesmo tempo, o Juiz de toda a terra, Ele fará justiça Gn 18:25, e julgará os mortos, um por um, segundo as suas obras Ap 20:13.

2. Não há nenhum justo, ninguém que, por sua própria iniciativa, busque a Deus, Rm 3:10,11. No dia em que Deus julgar os segredos dos homens, veremos que todos pecaram contra a luz da consciência, Rm 2:12,16.

A experiência de milhares de missionários confirma o fato que ninguém vive em conformidade com a luz que tem. Confirma ainda que, com, raríssimas exceções, não há pagão que não espere, desejoso de saber mais de Deus, até que tenha sentido a atuação do Espirito Santo, agindo através da pregação do evangelho feito por homens.

3. A Salvação vem, exclusivamente, mediante a fé em Cristo, o único Salvador, At 4:12 Jo 14:6.

4. Para que, haja esta fé, tem de haver a pregação da mensagem de Cristo, feita por homens. Em Rm 10:17, é parte integrante do argumento que a mensagem é pregada por homens, enviados com esta finalidade. Comparar, também, 2Co 5:17,19.

5. A Bíblia não dá nenhuma indicação de que haverá segunda chance depois da morte para aqueles que não depositaram sua fé em Cristo durante esta vida. A comparação de Hb 9:27 com Ap 20:11,13 indica claramente que os homens morrem uma só vez (portanto, nada de reencarnação) e que depois da morte serão entregues ao juízo final.

O Juízo de Deus é justo. Em Ap 20:11,15, vemos o Juiz assentado no trono para fazer justiça conforme os livros que se abrem diante dele. Os livros são de dois tipos.

1. O livro da vida traz os nomes de todos aqueles que já alcançaram a primeira ressurreição pela graça de Cristo, Ap 20:6.

2. Outros livros são abertos, Ap 20:12,13, recordando as obras de todos aqueles que não foram inscritos no livro da vida. Estes são julgados, um por um, segundo as suas obras.

Os primeiros três capítulos de Romanos, escritos para que se cale toda boca. Rm 3:19, e para que seja manifestada no tempo presente a justiça de Deus, Rm 3:26, falam de dois tipos de pessoas que serão condenadas. Isto se vê, especialmente, em Rm 2:12,16.

a. Os que com lei pecaram, mediante lei serão julgados. Eles tinham a lei das Escrituras Sagradas, e as suas obras não obedeceram à lei que tinham. Serão condenados.

b. Os que pecaram sem lei (a lei das Escrituras) também perecerão. Estes tinham a lei de Deus gravada nas suas consciências, Rm 2:15, e não a obedecerão. Sua desobediência à lei da consciência será manifesta a todos no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, Rm 2:16, e todos verão que Deus é justo no seu julgamento.

 

Podemos resumir assim as três classes de homens:

1. Os inscritos no livro da vida, salvos pela fé na obra perfeita de Cristo, sem referência ás suas próprias obras, Ap 20:12,

2. Todos os demais serão condenados na base das suas obras, escritas nos livros de Deus, Ap 20:13.

a, Aqueles que não tinham a lei de Moisés serão julgados pela sua desobediência à lei da consciência Rm 2:15,16.

b. Aqueles que tinham a lei das Escrituras serão julgados pela sua desobediência àquela lei, Rm 2:12.

A condição dos que morrem na infância e dos débeis mentais, Rm 5:13, diz que o pecado não é levado em conta (no grego: não é lançado na conta de alguém) quando não há lei.

Cremos que isto ensina que criança pequenas e pessoas mentalmente retardadas ao ponto de morrer antes de compreender a distinção entre o bem e o mal, não levam a culpa dos pecados que cometeram. Não tinham nem a lei da consciência. Cremos ainda que a propiciação de Cristo anula a depravação adâmica deles, 1 Jo 2:2, e que eles estarão com Deus, 2Sm 12:23.

Os efeitos práticos da doutrina da condição dos pagãos. Alguns que evangelizam universitários e outras pessoas muito instruídas acham que o ensino desta doutrina fecha o coração deles contra Deus. Mas as mesmas pessoas têm dificuldade com a doutrina de um inferno eterno, e nos perguntam por que Deus permite que crianças sofram as consequências das ações dos seus pais. Sem fé, nós nunca poderemos aceitar o mundo criado por Deus, nem o ensino da sua palavra.

É bom lembrar que Deus fez toda a sua parte para ganhar os homens. Deu o Seu Filho para morrer pelos pecados do mundo, para que Ele pudesse ser, ao mesmo tempo, justo e o justificador daqueles que tem fé em Jesus, Rm 3:26. Além disso, constituiu Seu corpo sobre a terra (a Igreja) e deu-lhe a ordem levar as boas novas a toda a criatura, provendo-lhe com Seu Espirito para toda e qualquer necessidade. Se há injustiça, é com a Igreja (nós) e não com Deus.

Em nossos tempos, há muitos pastores que são firmes nas outras doutrinas bíblicas, mas que não adotam este ensino sobre a condição eterna daqueles que morrem sem ouvir de Cristo. Alguns têm o espírito de missionário, obedecendo a ordem de Cristo. Mas se eles ensinam que há qualquer possibilidade de alguns pagão se salvarem sem ter ouvido de outros homens a mensagem de Cristo, haverá grave diminuição da urgência missionária na próxima geração de pastores e evangelistas.

Por outro lado devemos cuidar de não ensinar esta doutrina com ortodoxia seca, se não a ensinamos com dor no coração, com lágrimas nos olhos e urgência nos pés, então nossa atitude é diferente da atitude de Deus, que não quer que nenhum pereça, 2Pe 3:9.

 

VI. A VOCAÇÃO

Qual é nosso lugar na evangelização do mundo? Já vimos que, na evangelização do mundo:

1. Deus limitou-se ao uso de homens, 2Co 5:17,19; Ez 33:7), embora tenha havido grandes demoras e períodos de ..............Ez 22:30.

2. Não somente os pastores, e sim todos os santos.(crentes) devem trabalhar na edificação do corpo de Cristo até que seja completo, Ef 4:11,12.

3. Se a vida de um crente está completamente entregue a Deus, então a razão de ser da sua vida, além da santificação pessoal e a adoração de Deus, é sua obediência à ordem de Cristo.

4. Esta obediência incluirá os dois aspectos:

a. a evangelização em nossa Jerusalém e Judéia,

b. a evangelização mais especializada através de barreiras, em lugares mais distantes ou mais difíceis.

O nosso problema aqui é este: como podemos saber se Deus nos está chamando a nós, pessoalmente, para um trabalho de evangelização especializada?

 

A Direção de Deus Em Geral.

Na Bíblia encontramos muitas promessas sobre a direção de Deus em nossas vidas, como Sl 32:8,9 e Pv 3:5,6. Devemos notar que cada promessa tem sua condição. Deus só dirige aqueles que realmente desejam seguir a sua orientação. Somente aqueles que apresentam seus corpos por sacrifício vivo a Deus experimentarão a Sua perfeita vontade, Rm 12:1,2. Esta entrega traz uma profunda confiança que Deus dirigirá mesmo. Se Ele tem completo direito de dirigir em nossas vidas, nós temos completo direito de sermos dirigidos por Ele, na hora certa.

 

Temos três regras básica na direção geral da parte de Deus.

1. Deus nos guia pela Bíblia. Ele não promete iluminar o caminho muito a nossa frente, mas a lâmpada de que Sl ll9:105 fala é sempre suficiente para iluminar o próximo passo que temos de tomar.

2. O Espírito Santo nos guia, Jo 14:26; 16:13. Um exemplo notável disto ocorre em At 16:6,7. Devemos notar que uma vida cheia de sensibilidade à ação do Espírito tinha preparado Paulo para aquela direção. É importante notar, também, que Paulo já estava empregando todas as suas energias para obedecer à ordem de Cristo quando o Espírito mudou sua direção. Se nós continuarmos em obediência a Deus, ficaremos sensível para saber se as nossas circunstâncias são indicações da direção do Espirito de Deus ou não. Muitas vezes é necessário esperar no Senhor para ter a certeza. Is 30:15 Sl 37:45; Is 26:12.

3. A Paz de Cristo é o árbitro em nossos corações, Cl 3:15. Aquele que está sendo guiado pelo Espírito Santo sentirá falta de paz se der um passo, mesmo pequeno, fora do plano divino. Em Is 30:21 a palavra atrás de ti "indica que a pessoa já sente que Deus não está mais na sua frente, guiando, e isto lhe tira o sossego e a paz. Mas quando a paz de Cristo aumenta em nós ao passo que entramos mais firme num caminho novo, então ela está sendo o árbitro de Deus, ajudando-nos a saber que é o caminho certo.

A vocação particular, podemos ter a certeza que estamos dentro do caminho que Deus traçou para nossas vidas Ef 2:10. Não podemos deixar de sentir alguma confusão quando um servo de Deus nos dá conselho que a ordem de Cristo é a nossa vocação e que nós devemos preparar-nos para uma vida missionária se o Espírito não nos impedir, enquanto outro conselheiro, igualmente fiel a Deus, nos diz: A vida missionária é tão difícil que ninguém deve atrever-se a começá-la se não tiver uma vocação especial da parte de Deus.

Alguns aproveitarão a confusão para consigo mesmo, Eu não sou vocacionado graças a Deus!" Entretanto, aqueles que têm desejo profundo de andar com Deus não ficarão na confusão. Sabem que cada filho de Deus tem sua vocação particular e começam, com fé e perseverança, a procurá-la.

 

A PROCURA ATIVA DA VONTADE DE DEUS

Talvez lhe ajudem algumas sugestões sobre como procurar saber a vontade de Deus para sua vida.

1. Pergunte a si mesmo: Até que ponto eu desejo saber e praticar a vontade de Deus na minha vida (pode haver algo mais importante para mim?)

2. Ofereça a Deus em sacrifício vivo:

a. todos os seus desejos e inclinações quanto à sua vida futura,

b. todas as suas posses e todos os relacionamentos do presente e

c. todas as coisas preciosas que lhe prendem ao passado, presente ou futuro. Se Abraão não se tivesse desprendido das coisas preciosas de Ur dos Caldeus, ele teria achado oportunidade de voltar para lá, Hb 11:13,16.

3. Pense nas coisas que menos desejaria fazer e aceite-a como uma das possibilidades que Deus pode indicar. Se achar fraca sua vontade neste ponto, peça que Deus o fortaleça para fazer a vontade dele e aceite pela fé a força que Ele dá.

4. Estude as necessidades espirituais de outras partes do mundo, procurando saber se há alguns servos de Deus trabalhando lá para suprir aquelas necessidades, Jo 4 :35.

5. Estude outros tipos de pessoas que moram na sua vizinhança e que são resistentes ao evangelho. Procure entender porque eles resistem. Procure ouvir os relatórios de missionários e ler suas cartas e publicações.

6. Faça como Isaías, Is 6:8, pedindo que Deus o envie a um lugar necessitado. Gilmour da Mongólia fez isto e escreveu: "Mesmo na simples base do bom senso eu me via chamado a ser missionário, porque se o reino de Deus é uma seara, então achei razoável ir trabalhar onde havia mais serviço e menos trabalhadores". Mt 9:38.

7. Envolva-se agora em um trabalho missionário através de oração, ofertas e correspondência com missionários. Peça a Deus que lhe dê um lugar ou um povo como sua responsabilidade pessoal para oração. Procure sempre noticias do "seu" campo. Se puder interessar outros da sua igreja ou escola, procure formar um grupo de oração por missões, Mt 9:33.

Prova posterior da vocação de Deus. Depois das grandes decisões da vida vem, usualmente, a reavaliação destas, agora com "cabeça fria". Algumas perguntas podem ajudar-nos a chegar a uma convicção profunda, confirmada pela paz de Deus no coração:

1. Seus conselheiros na vida espiritual concordam em que este pensamento seu é mesmo o plano de Deus?

2. O desafio de aventura ou a perspectiva de heroísmo influenciaram sua decisão?

3. A chamada já teve tempo para ficar amadurecida em sua vida? Os que esperam no Senhor possuirão a terra, Sl 37:9.

Jesus disse: As minhas ovelhas ouve a minha voz, Jo 10:27. A característica principal das ovelhas é que elas seguem. Sabem que precisam do pastor e confiam nele. Se nós temos o coração de ovelha do bom Pastor, ouviremos, no tempo certo, a sua voz.